Data: 18/10/2018 ‐ Sala: TV 10 ‐ Horário: 13:51‐13:56 ‐ Forma de Apresentação: E‐pôster (pôster eletrônico)
Introdução: A paracoccidioidomicose é uma micose sistêmica causada pelo fungo dimórfico Paracoccidioides brasiliensis. Endêmico na América Latina, sua transmissão ocorre, principalmente, por meio da inalação de conídios aerossolizados no meio ambiente. A doença tem duas formas clínicas principais: aguda/subaguda e crônica. A segunda é a mais frequente, totaliza 74 a 96% dos casos. Quando multifocal, acomete o sistema nervoso central (SNC) em 10% dos casos, déficits motores, alterações cognitivas, emagrecimento, cefaleia e crises convulsivas são manifestações frequentes.
Objetivo: Relatar caso de neuroparacoccidioidomicose (NPCM) em paciente do sexo masculino.
Metodologia: Paciente masculino, 66 anos, ex‐tabagista, ex‐etilista, portador de HAS, havia cinco meses apresentava quadro de desorientação e hemiparesia esquerda. Exame de imagem evidenciou lesões cerebrais bifrontais. Ao ser submetido à biópsia cerebral, foi diagnosticado com paracoccidioidomicose do SNC. Sorologias feitas foram positiva para P. brasiliensis (1:16) e negativas para outros fungos. TC de tórax evidenciou múltiplos pequenos nódulos de permeio relacionados à infecção, predominavam nos terços médios e superiores. À internação, apresentou‐se com abertura ocular ao comando verbal, não verbalizante, respondeu ao comando de apertar a mão direita e com discreto edema periorbitário bilateral. Iniciou‐se terapia com anfotericina B complexo lipídico. O paciente persistiu com bradpsiquismo, desorientação e déficit de força global mais importante em dimídio esquerdo, foi suspenso o tratamento e iniciada dexametasona, conforme orientação do serviço de Neurologia.
Discussão/conclusão: A NPCM compromete o compartimento supratentorial em 67% dos casos, os hemisférios cerebrais são especialmente atingidos. Quando infratentorial, as lesões cerebelares são as mais comuns. Exames de imagem são importantes para o diagnóstico, a RNM é mais sensível do que a TC para visualização de lesões intraparenquimatosas. Achados radiográficos pulmonares podem auxiliar na investigação, já que os pulmões são acometidos em até 80% dos casos. No entanto, a identificação histológica do P. brasilienis é necessária para confirmar o diagnóstico. O exame de líquor e os testes laboratoriais têm valor limitado. Neoplasias, neurotoxoplasmose e neurocisticercose são alguns dos diagnósticos diferenciais. O tratamento farmacológico com anfotericina B, sulfametoxazol‐trimetoprim e fisioterapia faz parte das combinações capazes de recuperar pacientes mais debilitados.