XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA esquistossomose é um importante problema de saúde pública na África Subsaariana, Ásia e América do Sul. Mais de 200 milhões de pessoas em todo o mundo são afetadas e cerca de 600 milhões de pessoas com risco de infecção em 79 países endêmicos. No Brasil, 6 a 10 milhões de pessoas vivem com o Schistosoma mansoni. Em áreas endêmicas como estados de Minas Gerais e Bahia, a prevalência ultrapassa a 15%. A infecção esquistossomótica do sistema nervoso central é conhecida como neuroesquistossomose e pode afetar o cérebro ou a medula espinhal ocorrendo durante todas as fases da esquistossomose. Forma rara de esquistossomose, sendo assintomática ou resultar em complicações graves manifestando-se como síndromes neurológicas. Comumente associada à infestação por Schistosoma japonicum, mas também associados ao Schistosoma mansoni e ao Schistosoma haematobium.
ObjetivosApresentaremos um raro caso, com observação de um ano, dos sintomas de Neuroesquistossomose em sua forma encefálica como manifestação de uma síndrome tumoral cerebral, do ambulatório do serviço de infectologia do Hospital Heliópolis-SP. Realizada coleta de dados, revisão de prontuário e pesquisa bibliográfica sobre Neuroesquistossomose. O estudo foi feito mediante obtenção de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em que o paciente autoriza utilização de dados clínicos.
DiscussãoPaciente, masculino, 61 anos, nascido em Brejo Santo (Ceará), iniciou sintomas de parestesia em membro superior e inferior direitos, associados a síncopes e episódios convulsivos há 1 ano. Evolui com quadro de lentificação de fala com afasia, piora das crises convulsivas e distúrbio de marcha, de caráter progressivo. Diagnosticado com Neuroesquistossomose apresentando exame histopatológico positivo com ovos de Schistosoma mansoni em biópsia cerebral. Imagem com efeito de massa em ínsula esquerda, associada a edema cerebral, presente em tomografia de crânio, interpretada inicialmente como glioma. A progressão da doença deve apontar para a possibilidade de sequelas motoras irreversíveis, devendo-se iniciar uma ampla investigação com exames de imagem de rastreio e biópsia para o diagnóstico precoce. O exame histopatológico se torna necessário e primordial, a fim de tratar o doente e evitar a progressão da doença ao longo dos anos. Este seria um dos raros casos relatados sobre neuroesquistossomose, descritos em literatura.