A mucormicose é uma infecção fúngica oportunista, altamente invasiva, causada por fungos da ordem Mucorales, que compreende vários gêneros, sendo principais: Rhizopus spp., Mucor spp. e Rhizomucor spp. Ela é mais comum em pacientes com diabetes descompensada, em imunossuprimidos, e pós-transplantados de órgãos sólidos. Esses fungos podem ser encontrados em resíduos orgânicos em decomposição e podem infectar o homem por inalação ou inoculação. As manifestações clínicas podem se apresentar com acometimento rinocerebral, cutâneo primário localizado ou generalizado, pulmonar, disseminado e gastrointestinal.
ObjetivoApresentar caso de mucormicose rino-orbito-cerebral clássica precoce, em paciente diabético e associação com efeitos colaterais graves da anfotericina B.
MétodoA.P.E.L., masculino, 54 anos, branco, morador de zona rural, diagnóstico de diabetes mellitus tipo 2 descompensado, encaminhado para serviço de infectologia e otorrinolaringologia do Hospital Universitário de Brasília com queixa de sinusite de repetição e lesão escurecida em palato duro há 2 semanas. Já realizado tratamento com inúmeros antibióticos previamente sem sucesso. Diante do quadro solicitou-se imagem de crânio e seios da face que evidenciaram sinusite maxiloetmoidal aguda bilateral, celulite facial maxilar à esquerda. Optado por abordagem cirúrgica e realizada maxilectomia parcial, debridamento de tecido necrótico e biópsia incisional da região.
ResultadosEm exame direto para fungos foi identificado presença de hifas hialinas grossas não septadas com ramificações anguladas em 90°, sendo iniciada anfotericina B deoxicolato, e posterior liberação do Ministério da Saúde, para anfotericina B complexo lipídico. Em cultura para fungos houve o crescimento de Rhyzopus spp. Durante a internação o paciente foi submetido à inúmeras abordagens cirúrgicas, apresentou diversas complicações secundárias ao uso da anfotericina, como lesão renal aguda, elevação aguda de enzimas canaliculares e intercorrências secundárias à assistência à saúde: Infecção de corrente sanguínea; IAM tipo II. Manteve resposta favorável e se encontra em fase de manutenção com isavuconazol.
ConclusãoA associação do tratamento cirúrgico, medicamentoso e controle da doença de base é o tripé mais indicado frente ao diagnóstico da mucormicose. Diante do exposto, ressalta-se a importância desta doença como evento possível em imunossuprimidos e do diagnóstico precoce como fundamental para melhor sobrevida.