XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoO gênero Chryseobacterium é composto por bacilos aeróbicos gram-negativos que sobrevivem à cloração da água. Estes microrganismos são produtores de biofilme e proteases, como Beta-lactamases classe A e classe B, que os tornam resistentes a penicilinas, aminoglicosídeos, carbapenêmicos e as primeiras gerações de cefalosporinas. O relato do caso envolve uma paciente do sexo feminino, 3 meses de idade, prematura de 34 semanas, baixo peso, APGAR 8/9, que apresenta má formação congênita com mielomeningocele e hidrocefalia. Houve necessidade de correção e colocação de Derivação Ventrículo-Peritoneal (DVP) na semana seguinte ao nascimento, com quadro de enterocolite associada. Houve necessidade de ressecção de íleo distal, colón ascendente e terço proximal do colón transverso. Paciente recebe alta após término de tratamento, mas é internada novamente depois de cinco dias por apresentar perda liquórica pelo orifício de DVP, com abaulamento da região lombar, líquor turvo, sinais de desidratação, tempo de enchimento capilar aumentado, descoramento, hipoatividade, dor abdominal e vômitos; após a retirada de DVP a hidrocefalia e meningite associada se mantiveram. Foi administrado dose dobrada de meropenem associada com vancomicina de forma empírica para cobertura de sistema nervoso central em ciclo de um mês, mas paciente manteve quadro clínico febril e liquor permaneceu turvo. Na cultura bacteriana foi isolado Chryseobacterium indologens com perfil de resistência à cefalosporinas de terceira geração, piperacilina tazobactam, carbapenêmicos, aminoglicosídeos e a sulfametoxazol trimetoprim e com perfil de sensibilidade às quinolonas, a ceftazidima e ao cefepime. Devido foco em sistema nervoso central foi instituído tratamento com cefepime em dose dobrada e tempo de infusão prolongado por seis semanas. Após o tratamento, o liquor de controle evidenciou queda de lactato e ausência de crescimento bacteriano associado. Paciente teve alta hospitalar depois da recolocação do DVP e se mostrar clinicamente estável e afebril. As infecções por esse agente associadas a dispositivos de assistência vêm apresentando um aumento nos últimos anos. Seu potencial patogênico é elevado e pode possuir alta mortalidade dependendo do foco acometido, uma vez que seu perfil de resistência dificulta o tratamento e induz a falha terapêutica em muitos dos esquemas habituais empíricos quando se tratando de infecções hospitalares.