XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA falta de dados consolidados resultou em um ceticismo geral sobre a eficácia da quarta dose da vacina anti-SARS-CoV-2. Como consequência, poucos indivíduos receberam uma quarta dose, apesar de vários dados apoiarem a baixa imunogenicidade da vacina anti-SARS-CoV-2, em pacientes com neoplasias hematológicas.
MétodosQualquer paciente incluído no registro EPICOVIDEHA era elegível, desde que atendesse aos seguintes critérios: a) malignidade hematológica (MH) HM ativa nos últimos cinco anos antes do diagnóstico de COVID-19, b) pacientes com idade ≥18 anos, c) diagnóstico laboratorial de infecção por SARS-CoV-2 e d) recebimento de uma quarta dose de anti-SARS-CoV-2 antes do diagnóstico de COVID-19.
ResultadosUm total de 6867 pacientes com infecção por SARS-CoV-2 foi registrado no EPICOVIDEHA. Desses, 51 (0,7%) foram diagnosticados com COVID-19 após terem recebido uma quarta dose de vacina anti-COVID. A maioria deles (30/51; 58,8%) era do sexo masculino; a idade média foi de 71 anos (IQR 65-73), com apenas três pacientes com idade inferior a 50 anos. Doze pacientes (12/5; 23,5%) não apresentavam nenhuma condição subjacente de base além da MH. As neoplasias malignas linfo-proliferativas foram predominantes (47/51; 92%). A maioria dos pacientes apresentava uma MH controlada no momento do diagnóstico da COVID-19 (30; 58,8%). Os pacientes receberam a quarta dose da vacina em uma mediana de 32 dias (IQR 13-54) antes do diagnóstico da COVID-19, quase exclusivamente com base no mRNA (50/51; 98%). A COVID-19 permaneceu assintomática ou leve em quase todos os casos (49/51; 96%) com apenas um caso de infecção crítica (2%) que exigiu cuidados intensivos. A taxa de admissão hospitalar foi de 47,1%, com uma mediana de permanência hospitalar de 9 dias (IQR 5-14). Apenas 26 pacientes (51%) receberam tratamento específico para SARS-CoV-2, sendo que quase todos eles (18/26; 69,2%) receberam anticorpos monoclonais. Os pacientes foram acompanhados por uma mediana de 65 dias (IQR 26-86) e dois morreram (3,9%) devido à COVID-19.
ConclusõesApesar do número limitado de pacientes, nossos dados mostram que pacientes com MH que receberam uma quarta dose da vacina anti-SARS-CoV-2 apresentam formas menos graves de infecções por SARS-CoV2 e melhor desfecho evolutivo. Os dados sugerem que um segundo reforço da vacina pode ser de particular importância para proteger essa população de pacientes particularmente vulnerável da COVID-19 grave ou potencialmente fatal.