12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: Doenças neurológicas, como encefalite e síndrome de Guillain‐Barré são comumente descritas como complicações de infecções virais e recentemente foram mostradas também em pacientes com quadro de síndrome respiratória aguda grave por coronavírus 2 (SARS‐CoV‐2). Neste caso, as alterações mais comuns têm sido AVE, rebaixamento do nível de consciência e injúria muscular associada à elevação de creatinofosfoquinase (CPK), porém também já foram relatados quadros de meningoencefalite com presença de RNA viral no líquido cefalorraquidiano (LCR), confirmando a capacidade de neuroinfecção pelo SARS‐CoV‐2.
Objetivo: Relatar três casos de manifestações neurológicas atípicas em casos de SARS‐CoV‐2 confirmados por RT‐PCR em swab nasal e de orofaringe.
Metodologia: Caso 1: Homem, 42 anos, com história de asma, apresentando febre, tosse, mialgia e odinofagia evoluindo após dois dias com intensa alodínia em braços e região dorsal. Ao exame neurológico, hiperestesia em nível de C3 e C4, com padrão de xale. Os sintomas persistiram por 3 dias e regrediram totalmente sem nenhuma intervenção. Caso 2: Mulher, 50 anos, sem comorbidades prévias, apresentando cefaleia de caráter latejante, febre e dispneia. Após 5 dias, apresentou paralisia periférica de nervo facial, sem outros achados no exame neurológico. Tomografia de crânio normal e LCR com proteínorraquia de 50mg/dL, sem outras alterações, com RT‐PCR para SARS‐CoV‐2 no LCR negativo. Melhora após tratamento com prednisona oral por 6 dias. Caso 3: Mulher, 73 anos, com mieloma múltiplo, com febre e dispneia progressiva, evoluindo com síndrome respiratória aguda grave (SRAG), necessitando de ventilação mecânica por 14 dias. Após extubação, apresentava arreflexia, tetraparesia (força grau 2/5) e diminuição de tônus muscular. Eletroneuromiografia mostrou polineuropatia motora axonal. Houve melhora progressiva do quadro, com alta hospitalar após 35 dias, com discreta perda de força em membros superiores.
Discussão/Conclusão: A avaliação dos casos relatados mostra que o espectro de alterações neurológicas causadas pelo SARS‐CoV‐2 pode ser maior do que comumente é visto em infecções virais, sendo necessária vigilância dos pacientes infectados para melhor descrição das nuances da doença.