XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA presença de RA traz como consequências o aumento da morbi-mortalidade, da permanência hospitalar, utilização de drogas alternativas e encarecimento da assistência. Trata-se de um problema de saúde pública exacerbado no período da pandemia de COVID-19. Segundo o “Centers for Disease Control and Prevention – CDC-USA, mais de 2,8 milhões de infecções por RA ocorrem nos EUA e mais de 35 mil pessoas morrem/ano como resultado disso. Na União Europeia, a RA é responsável por cerca de 33 mil mortes/ano e estima-se que custe 1,5 bilhão de euros anuais em gastos com saúde e em perdas de produtividade. Avaliamos a correlação entre óbitos e RA em pacientes com IRAS do HMP, no período de 2020 a 2022.
MétodosEstudo observacional da taxa de letalidade em pacientes com IRAS (critério ANVISA/COVISA) causadas por RA em pacientes internados no HMP no período de 2020 a 2022, através da análise retrospectiva das informações em banco de dados do Serviço de Controle de IRAS. Considerados como germes com RA os gram-negativos resistentes a carbapenêmicos e/ou cefalosporinas, gram-positivos resistentes à oxacilina e enterococos resistente a vancomicina. Foram analisadas 1.026 IRAS sendo considerados elegíveis 414 pacientes com IRAS, com desfecho conhecido (alta ou óbito) e presença de germe isolado. Também foram excluídos os pacientes transferidos para outras instituições.
ResultadosA letalidade para IRAS por RA observada nos anos de 2020, 2021 e 2022 foi de 92%, 78%, 73% respectivamente. Para os pacientes com IRAS e sem RA foi de 42,9%, 67,7%, 72,9% respectivamente para os anos 2020, 2021 e 2022. A análise global do período para os 414 pacientes demonstrou letalidade de 77% para pacientes com RA e 68% para pacientes sem RA.
ConclusãoEm 2020/2021 o HMP prestou atendimento exclusivo a pacientes com COVID-19 e a partir de 2022 assumiu caráter de hospital geral. Nesta análise pudemos observar alta letalidade nos pacientes com IRAS e RA especialmente em 2020 e 2021 período em que a COVID-19 esteve presente entre as comorbidades. No período de 2020-2022, dos 414 pacientes estudados, 207 (50%) estavam com RA e foram a óbito, 101 (25%) sem RA foram a óbito. Receberam alta 59 (14%) com RA e 47 (11,5%) sem RA. Os nossos dados demonstram o aumento da gravidade das IRAS na presença de comorbidades como a COVID-19 e na presença de RA com aumento da letalidade.