Lactococcus garvieae é um agente etiológico emergente que infecta uma grande variedade de peixes no mundo, com potencial infeccioso em humanos. Foi descrito pela primeira vez na década de 50 no Japão inicialmente como estreptococose, vinculado ao grande consumo de peixes crus. É um coco ovoide, anaeróbico facultativo, imóvel, não esporulado, gram positivo, pode ocorrer aos pares ou pequenos grupamentos. A contaminação em humanos acontece pelo consumo de peixe cru, especialmente pacientes que possuem alterações intestinais, favorecendo a translocação bacteriana. A baixa prevalência de infecção pelo L. garvieae em humanos, pode ser explicada pela interpretação incorreta de espécies de estreptococos, quando o laboratório não possui equipamentos suficientes para identificação. Dessa forma existem apenas 25 casos de endocardite infecciosas por L. garvieae desde quando foi identificada em 1991. A terapêutica ainda não é bem estabelecida, uma vez que não se possui o exato critério de suscetibilidade ao antibiótico a ser utilizado. Dessa forma a maioria dos tratamentos são vinculados a altas doses de beta-lactâmicos de forma isolada ou associado ao uso de Aminoglicosídeos. Trata-se de paciente de 63 anos de idade, sexo masculino, encaminhado para investigação de febre vespertina observada há 10 dias. Informa histórico clinico de hipertensão arterial e insuficiência cardíaca com troca de valva aórtica por prótese biológica há 8 meses, motivada por endocardite infecciosa prévia. Ecocardiograma transtorácico apresenta estrutura ovalada, com centro anecoico, bordos regulares, localizada no seguimento póstero-lateral do anel protético, junto a fibrosa mitro-aórtica correspondendo a abscesso em formação. Hemocultura identificou Lactococcus garvieae com perfil de sensibilidade à Ceftriaxona, Meropenem e Vancomicina, sendo intermediário à Levofloxacino e Penicilina. Paciente foi submetido a terapêutica com Ceftriaxona 2g 12/12h por 6 semanas, apresentando sucesso terapêutico A infecção por Lactococcus garvieae é incomum, sendo admitida como agente oportunista de baixa virulência. O mecanismo exato de transmissão para humanos ainda não é estabelecido, acredita-se que acontece quando há perda de barreira do trato digestivo ou em concomitância à achados de pólipos intestinais ou doença diverticular. Considerar condições que favorecem a translocação bacteriana bem como hábito alimentar, tais aspectos devem ser levados em consideração sempre que possível.
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Vol. 26. Issue S1.
(January 2022)
Vol. 26. Issue S1.
(January 2022)
PI 197
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LACTOCOCCUS GARVIEAE, ENDOCARDITE DE PRÓTESE BIOLÓGICA AÓRTICA: RELATO DE CASO E REVISÃO DE LITERATURA
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