As infecções fúngicas invasivas estão entre as causas mais importantes de morbimortalidade em imunocomprometidos como os onco-hematológicos e os internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Durante a pandemia de COVID-19 diversos estudos relataram um aumento na ocorrência de micoses invasivas em pacientes de UTI como por exemplo, a candidemia.

Descrever o perfil de isolados de espécies de Candida spp. em hemoculturas entre o período de 01/01/2019 a 31/01/2022 dos pacientes internados na UTI do Hospital Amaral Carvalho de Jaú (HAC) comparando o período pré pandemia com a pandemia de COVID-19.

Estudo descritivo, observacional, retrospectivo e transversal. Foi realizada através do sistema eletrônico Soul MV a seleção de amostras de sangue positivas para Candida spp., incluindo albicans e não albicans. Seguida da revisão dos prontuários eletrônicos dos pacientes. Os dados foram analisados por meio do Programa Excel. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HAC.

O estudo teve como resultado um total de 23 amostras de hemoculturas positivas para espécies de Candida spp. Sendo que 12 amostras são do período pré pandemia e 11 durante a pandemia. Nos dois períodos a espécie Candida albicans foi predominante. Porém, na pandemia houve o surgimento de um caso de Candida krusei e outro de Candida spp. com resistência ao medicamento fluconazol. Nos dois períodos houve predomínio de pacientes do sexo masculino e com faixa etária maior de 60 anos. Levando em consideração o total de amostras 65% dos pacientes tinham como fator de risco a imunossupressão, sendo que no período pré pandemia tivemos mais pacientes com diagnósticos de neoplasias de órgãos sólidos (7), enquanto que durante a pandemia predominaram as neoplasias hematológicas (6). O uso de antibióticos de amplo espectro esteve presente em 87% dos casos e de nutrição parenteral em 20%. A maioria dos pacientes evoluiu a óbito (39% pré pandemia e 26% pandemia), corroborando com a gravidade relacionada a pacientes com diagnóstico de candidemia.

O estudo demonstrou no período da pandemia um aumento na diversidade de espécies de Candida spp. resultando em isolados com resistência ao fluconazol. Além disso, observamos uma maior taxa de óbito no período pré pandemia, o que pode estar relacionado aos diagnósticos de base dos pacientes. Porém, o tamanho da amostra é um fator limitante.