Infecções de Corrente Sanguínea (ICS) são causa importante de aumento da morbimortalidade hospitalar, do prolongamento da internação e do aumento dos custos assistenciais.
ObjetivoIdentificar a prevalência das infecções estafilococócicas em pacientes atendidos nos hospitais do Complexo de São Bernardo do Campo e seus respectivos perfis de susceptibilidade, para determinar a epidemiologia e auxiliar na escolha terapêutica.
MétodoFoi realizado um estudo epidemiológico observacional, descritivo e retrospectivo. Os dados foram extraídos a partir de relatórios das hemoculturas realizadas no período de agosto de 2019 a julho de 2020, no Laboratório de microbiologia do Centro Universitário FMABC e analisados em Microsoft Excel. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (parecer 4.258.083).
ResultadosForam analisadas 5.825 hemoculturas de 3.100 pacientes. Um total de 1.230 (21,1%) hemoculturas foram positivas para 54 tipos de microrganismos diferentes. Dos 1284 patógenos isolados, 742 (57,8%) foram identificados como Staphylococcus spp., sendo 247 (19,2%) Staphylococcus coagulase-negativa não lugdunensis (SCN-NL), 10 (0,8%) Staphylococcus lugdunensis e 183 (14,2%) Staphylococcus aureus (SA). Os SCN-NL apresentaram maior resistência à clindamicina (85,7%), penicilina (84%) e eritromicina (83,3%). Dos isolados de SA, 92,3% apresentaram resistência à penicilina e 77,59% aos macrolídeos. Todos os isolados de Stapylocococcus apresentaram sensibilidade à linezolida e vancomicina. Foram detectados 49,7% de isolados MRSA. O isolamento de SCN-NL em hemoculturas foi provavelmente decorrente de contaminação de pele, indicando a necessidade de aprimoramento técnico na coleta de amostras. A elevada resistência à penicilina e eritromicina, assim como a ampla sensibilidade à vancomicina e linezolida, são achados que corroboram com outras publicações nacionais. A prevalência de isolados MRSA está de acordo com outros estudos epidemiológicos, demonstrando que este ainda é um patógeno de grande importância hospitalar.
ConclusãoAs infecções estafilocócicas apresentaram grande importância na epidemiologia das Infecções Relacionados à Assistência à Saúde (IRAS), especialmente pela frequência elevada de isolados resistentes aos beta-lactâmicos, macrolídeos e lincosamidas. A detecção elevada de isolados SCN (75,3%) sugere uma provável contaminação na coleta das hemoculturas indicando a necessidade da realização de educação continuada nos hospitais estudados.