XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoAs reações hansênicas são fenômenos agudos e comumente autolimitados, apresentando uma exacerbação inflamatória do hospedeiro aos antígenos dos agentes hansênicos, Mycobacterium leprae e Mycobacterium lepromatosis. Essas reações podem ser classificadas como tipo 1 (RT1) – geralmente chamadas de reações reversas – e tipo 2 (RT2), muitas vezes expressas clinicamente como eritema nodoso hansênico (ENH). Clinicamente, os RT1 surgem com novas lesões cutâneas e/ou agravamento das pré-existentes, agravamento do quadro neurológico sensitivo e motor, intensificação da dor em nervos periféricos e/ou edema de pés e mãos. A RT1, assim como a RT2, pode ser desencadeada por diversos fatores: vacinas, gravidez, puerpério, quimioterapia, infestações e infecções. Assim, infecções – mesmo que assintomáticas – devem ser investigadas como fatores de risco para o desenvolvimento, agravamento ou manutenção de RT1. Estudos recentes associaram a infecção por Bartonella henselae com RT2 crônico.
ObjetivoAvaliar a ocorrência de Bartonella spp. Detecção em pacientes com RT1 há mais de seis meses e comparar a prevalência com o estudo análogo em pacientes com RT2.
MétodosForam utilizados métodos microbiológicos e moleculares para detectar o DNA de Bartonella henselae em pacientes com RT1 há mais de seis meses, acompanhados no Centro de Referência Nacional em Dermatologia Sanitária e Hanseníase do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia.
ResultadosO DNA de B. henselae foi detectado em seis dos 14 pacientes (42,9%) do grupo de estudo. Todos os pacientes com detecção de DNA nas reações apresentaram pelo menos uma reação espécie-específica para B. henselae. Foi possível obter isolados de dois pacientes.
ConclusãoAs reações hansênicas são muitas vezes difíceis de controlar. Encontrar o fator desencadeante ou mantenedor das reações é muito importante para minimizar a morbidade dos pacientes e prevenir sequelas, tão comuns e graves, em pacientes com neurite reacional tanto de RT1 quanto de RT2. Com base neste estudo piloto, é possível concluir que pacientes com RT1 há mais de seis meses têm detecção de DNA de B. henselae na mesma proporção que pacientes com RT2 crônico. Assim, todos os pacientes com reações hansênicas crônicas devem ser investigados quanto à infecção por essas bactérias.