A emergência de patógenos multirresistentes a antimicrobianos tem sido alertada por órgãos e instituições de saúde, constituindo uma grande ameaça e um problema de saúde pública mundial. Klebsiella Pneumoniae produtora de Carbapenemase (KPC) constitui atualmente um dos patógenos mais importantes como agentes etiológicos de Infecções Relacionadas à Assistência em Saúde (IRAS). O presente trabalho teve como objetivo geral avaliar a incidência de infecções causadas por KPC em um hospital terciário universitário na cidade de Uberaba/Minas Gerais, entre os anos de 2015 e 2021.

Os prontuários médicos de pacientes acometidos por infecções causadas por KPC, entre os anos de 2015 e 2021, foram avaliados. Os dados coletados foram organizados em tabelas, no programa Excel, sendo realizada uma análise quantitativa e qualitativa.

Foram analisados 330 prontuários médicos, sendo 143 prontuários pertencentes a pacientes do sexo feminino (43,3%) e 187 a pacientes do sexo masculino (56,7%). A maioria dos pacientes foram identificados como brancos (n=164) e a mediana de idade foi de 61 anos (mínima de 16 anos e máxima de 95 anos). A maioria dos casos ocorreu em 2021 (57,58%; n=190), sendo observada elevada taxa de mortalidade entre os pacientes no período avaliado (47,88%; n=158). Em todos os casos, a infecção por KPC foi comprovada por meio do isolamento da bactéria, sendo realizado adicionalmente o teste de Hodge. KPC foi detectada principalmente em amostras de swab anal e/ou retal (n=307), além de fragmento de biópsia, secreção de dreno e sangue. Para os isolados de KPC com perfil de sensibilidade a antimicrobianos avaliado (n=98), a maioria (84,69%; n=83) apresentou resistência a 2 dos 3 carbapenêmicos testados (Imipinem, Meropenem e Ertapenem). Nove linhagens de KPC (9,18%) apresentaram resistência aos três carbapenêmicos avaliados e somente seis (6,12%) foram resistentes a somente um dos antimicrobianos.

Dentre os anos de 2015 a 2021, KPC constituiu um importante patógeno causador de infecções no hospital universitário avaliado. A elevada taxa de óbito entre os pacientes e a multirresistência dos isolados bacterianos reforçam a necessidade de uma rápida detecção laboratorial, assim como a implementação de medidas de prevenção e controle da disseminação desse patógeno, como as precauções de contato.