A sepse é causada pela resposta exacerbada do sistema imune frente à uma infecção. A epidemiologia da doença tem elevada incidência, prevalência, mortalidade e morbidade, sendo que, entre as consequências a curto e a longo prazo, a encefalopatia associada à sepse (EAS) é uma das principais devido ao grande impacto na qualidade de vida que ocasiona. A EAS tem fisiopatologia complexa e cursa com sintomas como disfunção cognitiva, entre eles alterações de memória e de aprendizagem, mudanças comportamentais, irritabilidade e, até mesmo, alterações motoras. Apesar de acometer entre 9% a 71% dos pacientes sépticos, ainda não há um tratamento direcionado a ela, que seja capaz de evitar, amenizar ou atenuar a EAS, o que justifica a busca por tratamentos específicos. A piperina, princípio ativo da pimenta do reino, tem revelado efeitos neuroprotetores e antioxidantes em modelos animais. Suas propriedades ainda não foram estudadas no contexto da EAS.
ObjetivosInvestigar o impacto do tratamento com piperina na cognição e na inflamação cerebral de camundongos sépticos, a partir da análise de taxas de mortalidade, testes cognitivos e do status antioxidante cerebral. Resultados: A piperina não altera a mortalidade em animais sépticos. Nos testes cognitivos do labirinto em T induzido e em Y, os grupos tratados com piperina apresentaram melhor desempenho quanto à memória visuoespacial e à aprendizagem. Na avaliação do status antioxidante, o grupo tratado com 20 mg/kg de piperina evidenciou um melhor perfil na razão entre as atividades das enzimas superóxido dismutase e catalase, que se encontram desequilibradas nos processos sépticos.
ConclusãoApesar de a piperina não reverter mortalidade, apresenta efeito neuroprotetor e antioxidante em modelos animais sépticos. Atua principalmente na proteção da memória visuoespacial e da aprendizagem, ao mesmo tempo em que atenua o desequilíbrio antioxidante presente na sepse.