A hesitação a vacinas é um problema crescente que contribui com a redução das coberturas vacinais no Brasil e no mundo. Estudos sugerem que informações veiculadas em mídias sociais podem influenciar as opiniões sobre a adesão à vacinação.
ObjetivoUtilizamos metodologia mista para explorar a correspondência entre motivos para hesitação à vacina da COVID-19 reportados no Estudo DEBRA e conteúdos de postagens do Twitter, conforme categorias temáticas.
MétodoO Estudo DEBRA coletou informações demográficas, dados sobre intenção de vacinação e atitudes/crenças em relação a vacinas no Brasil, utilizando um questionário de autopreenchimento. Convidamos participantes hesitantes à vacina da COVID-19 a responder em campo aberto sobre suas motivações. Classificamos as respostas em categorias temáticas, e analisamos sua correspondência com postagens do Twitter a fim de explorar relações de sentido entre conteúdos da mídia social e opiniões dos participantes. Postagens do Twitter foram buscadas a partir de palavras-chave ou termos associados (hashtag) a hesitação vacinal, até saturação do tema, identificando o tipo do usuário (nominal/não nominal), gênero (quando possível) e alcance (número de likes/retweets).
ResultadosA maioria das respostas abertas de participantes do estudo DEBRA hesitantes à vacina da COVID-19 foi emitida por homens (11/14). Identificamos cinco categorias temáticas: individualidade; medo de eventos adversos/desconfiança; questões políticas/aversão a determinações do Estado; dúvidas sobre eficácia/naturalismo. Observamos íntima correspondência entre as opiniões dos participantes e os conteúdos de hesitação à vacina da COVID-19 no Twitter. Manifestações do Twitter tiveram perfil predominantemente feminino, à exceção das categorias ‘questões políticas/aversão a determinações do Estado’ (homens 55,8%) e ‘dúvidas sobre eficácia/naturalismo’ (homens 100%). Todas as categorias apresentaram perfil majoritariamente nominal. As categorias com maior alcance foram ‘individualidade’ e ‘medo de eventos adversos/desconfiança’, com média de likes de 1873,3 e 1864,67 respectivamente, e média de retweets de 402,8 e 488,54 respectivamente.
ConclusãoInformações e desinformações veiculadas em mídias sociais abrangem uma vasta diversidade de temas e possuem correspondência com motivações para a hesitação à vacina da COVID-19 relatadas em um estudo epidemiológico. Mídias sociais podem influenciar diferentes desfechos em saúde de forma positiva ou negativa.