Crenças equivocadas são associadas a menor adesão às recomendações de vacinação para diversas doenças imunopreveníveis. A identificação de fatores associados a tais crenças a respeito de vacinas é fundamental para priorizar ações de informação e educação para populações específicas.
ObjetivoInvestigar fatores sociodemográficos associados à crença de que a vacina do HPV pode induzir a criança a começar mais cedo a vida sexual.
MétodoO Estudo DEBRA coletou informações demográficas, dados sobre intenção de vacinação e atitudes/crenças em relação a vacinas no Brasil utilizando um questionário de autopreenchimento com recrutamento por mídias sociais. Participantes foram convidados a opinar a respeito da afirmação: “A vacina contra o HPV, que é dada a meninas e meninos a partir de 9 anos, pode induzir a criança a começar mais cedo a vida sexual”, respondendo com as alternativas “concordo”, “não concordo nem discordo”, discordo”, “não sei” e “não quero declarar”. Fatores sociodemográficos associados à não discordância em relação a essa afirmação foram investigados com análises univariadas e análise com ajustes múltiplos utilizando modelos de Poisson modificados.
ResultadosEntre agosto/2021 e janeiro/2022, 6.769 participantes forneceram consentimento, dentre os quais 4.577 forneceram respostas à pergunta de interesse e foram incluídos nessa análise; 46 declararam concordar com a afirmação e um total de 360 (8%) não discordaram da afirmação. Gênero masculino, idade acima de 45 anos, escolaridade mais baixa e religiões católica, evangélica e espírita foram associadas a maiores prevalências de não discordância. Em modelo incluindo gênero, idade, cor da pele, escolaridade e religião, o gênero masculino, idade mais elevada, menor escolaridade e religiões católica e evangélica permaneceram com associação estatisticamente significante com maior prevalência de não discordância em relação à afirmação de que a vacina do HPV pode induzir a criança a começar mais cedo a vida sexual.
ConclusãoEstratégias de informação e educação para esclarecer crenças equivocadas associadas ao uso de vacinas devem ser implementadas para reduzir a hesitação e melhorar a cobertura vacinal. Nossos resultados sugerem que homens, pessoas mais velhas, com menor escolaridade e adeptas de religiões católica e evangélica devem ser priorizadas na implementação dessas estratégias.