A pandemia de COVID-19 atingiu quase 30 milhões de casos no Brasil, com uma taxa de letalidade próxima a 2.8%. No quesito saúde das gestantes, o país atesta um marco ainda maior no óbito dessas pacientes, taxando-se em 9%. O presente estudo, em consonância com uma das maiores preocupações atuais no Brasil, está sendo feito com o intuito de atualizar e explorar a situação do citado grupo populacional quando se trata da contaminação e infecção pelo Sars-CoV-2.
ObjetivoCaracterizar clinicamente os casos de infecção por Sars-CoV-2 em gestantes e analisar os desfechos hospitalares nessa população.
MétodoEstudo longitudinal observacional, realizado de 05/2020 até 04/2022, em uma maternidade de referência em Salvador (BA). Foram incluídas gestantes notificadas à SESAB com diagnóstico de COVID-19 e internadas na referida unidade. Os dados foram coletados através de revisão de prontuário e gerenciados através da plataforma REDCap.
ResultadosForam incluídas no estudo 412 participantes, destas, 308 (74.8%) eram gestantes em não trabalho de parto, 104 (25.2%) eram gestantes e internaram para o parto e 183 (44.2%) tiveram seu RT-PCR confirmado para a COVID-19. Do total, 258 (62.6%) participantes não possuíam comorbidades, e, das com comorbidades, as mais prevalentes foram hipertensão 73 (17.7%) e diabetes 21 (5.1%). Além disso, 202 (62.2%) participantes necessitaram do uso de oxigênio suplementar, destas, 152 (75.2%) utilizaram a cânula nasal, 28 (13.9%) máscara facial, 43 (21.3%) ventilação mecânica, onde cada participante pode ter utilizado uma ou mais fontes de oxigênio. Foram utilizados medicamentos vasoativos ou inotrópicos em 48 (14.4%) dos participantes. Ademais, foram admitidas em UTI 222 (54%) participantes, com uma mediana de 3 (IIQ 2-5) dias de internamento. Por fim, 384 (93.4%) participantes receberam alta da maternidade, 24 (5.8%) foram transferidas e houve apenas 3 (0.7%) óbitos, tendo como causa a COVID-19 em 2 (66.6%) destes.
ConclusãoA elevada taxa de internação em leitos de UTI, de uso de oxigênio suplementar e medicamentos vasoativos são motivos de preocupação, tanto pela saúde dessa população, quanto pelos seus neonatos. Por fim, estudos como este visam dar uma maior compreensão do quadro clínico das gestantes/puérperas com diagnóstico de COVID-19 e é imprescindível um número amostral ainda maior para consolidação dos resultados e definição de condutas nesta população.