Os Programas de Gerenciamento do Uso de Antimicrobianos (ASP) visam garantir o uso adequado de antimicrobianos (ATM) e obter melhores desfechos clínicos e microbiológicos. Nosso objetivo foi descrever a implantação do ASP em hospital público oncológico, desafios enfrentados e resultados obtidos.

Estudo descritivo, retrospectivo, realizado em hospital oncológico, universitário, com 499 leitos. O ASP foi estruturado em 2018, com descrição de estrutura, divisão dos times (gestor/operacional), atribuições, atividades programáticas, indicadores monitorados e divulgações. Em 2019, o programa iniciou as atividades: A. Avaliação do consumo de 18 ATM em unidades de internação e de terapia intensiva (UTI) com 5 indicadores: Densidade de Prescrição, Dose Diária Definida (DDD), Dias de Terapia, Duração da Terapia e Razão DOT/LOT. B. Avaliação da adesão à Profilaxia Antimicrobiana Cirúrgica (PAC) – aprimoramento do indicador de escolha correta e implementação do indicador do tempo certo. C. Visitas médicas regulares às unidades. D. Auditoria prospectiva diária dos ATM de maior impacto financeiro e implantação de indicador de custos. Em 2020 foi ampliada a avaliação do consumo para 35 ATM, e implantado o indicador de PAC na duração adequada e iniciada em 2021 intervenção farmacêutica com as especialidades da Urologia e Coluna nos casos de profilaxia mantida além do previsto. A divulgação de indicadores foi realizada por meio de reuniões sistemáticas e relatórios encaminhados às áreas e chefias correspondentes.

Na implantação do ASP o maior desafio foi obter a equipe necessária (time gestor e operacional com 1 médico, 1 farmacêutico e 1 enfermeiro). As UTIs eram os setores com maior consumo de ATM, com intensificação das medidas de controle e educação e consequente queda progressiva do consumo– proporção de ATM com DDD acima do p90 da Covisa era de 33% em 2019, e de 17% em 2022. Observou-se 56,2% de queda de custos com ATM na instituição comparando 2018 e 2022. Quanto à administração da PAC no Tempo Certo, a adesão era de 88% em 2019 e após intervenções entre ASP, Anestesia e Qualidade, obteve-se adesão sustentada de 92% a partir do final de 2021.

O estudo demonstrou que uma implantação estruturada de ASP pode gerar resultados assistenciais e financeiros favoráveis, com diminuição do consumo de ATM, maior adesão ao Protocolo de PAC e diminuição dos custos com ATM, auxiliando na otimização da gestão institucional.