Journal Information
Vol. 26. Issue S1.
(January 2022)
Share
Share
Download PDF
More article options
Vol. 26. Issue S1.
(January 2022)
EP 103
Full text access
ESPIROQUETOSE INTESTINAL COMO MANIFESTAÇÃO DE SÍFILIS EM PACIENTE VIVENDO COM HIV
Visits
3191
Felipe Arthur Faustino de Medeirosa, Vitor Falcão de Oliveiraa, Julia Ferreira Maria, Lara Silva Pereira Guimarãesa, Juliana Cavadas Teixeiraa, Pedro da Silva Campanab
a Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo (HCFMUSP), São Paulo, SP, Brasil
b Serviço de Extensão aos Pacientes que vivem com HIV/Aids, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo (HCFMUSP), São Paulo, SP, Brasil
This item has received
Article information
Special issue
This article is part of special issue:
Vol. 26. Issue S1
More info

Homem cisgênero, 43 anos, vivendo com HIV desde 2018, em uso de Tenofovir 300 mg + Lamivudina 300 mg + Dolutegravir 50 mg desde 2019, carga viral indetectável, com contagem de LTCD4+ de 1268 células, vem com quadro de hematoquezia intermitente, associada a evacuação pastosa com muco, de evolução há um mês, não acompanhada de febre ou perda de peso. Realizada colonoscopia diagnóstica, sendo visualizadas lesões ulceradas com fundo de fibrina, não sangrantes, em todo o intestino grosso, sendo realizadas biópsias, com anátomo-patológico evidenciando espiroquetose intestinal colônica (EIC), com presença de espiroquetas filamentosas densamente compactadas na superfície do intestino grosso. Em exames laboratoriais, paciente com VDRL 1/32, sendo o anterior ½, interpretado como cicatriz sorológica após tratamento de Neurossífilis há 04 anos. Paciente foi tratado com Penicilina G Benzatina 7.200.000 UI, divididas em três tomadas, com melhora completa dos sintomas após início do tratamento. A espiroquetose intestinal causada pelo Treponema pallidum, agente etiológico da Sífilis, é uma apresentação incomum e pouco descrita na literatura da doença. Na descrição original da patologia, vemos espiroquetose intestinal humana caracterizada pela presença de espiroquetas na superfície luminal da mucosa do intestino grosso, sendo usualmente causada por um grupo heterogêneo de organismos relacionados, principalmente Brachyspira aalborgi e Brachyspira pilosicoli, que são geneticamente não relacionados ao Treponema pallidum. A apresentação clínica é espectral, sendo desde assintomática até quadros de diarréia crônica persistente, constipação, dor abdominal, sangue nas fezes, vômitos ou náuseas, ou muco nas fezes, ou até mesmo quadros que podem mimetizar apendicite aguda. Ademais, podem apresentar abscessos ou úlceras na macroscopia devido à reação inflamatória à presença das espiroquetas na mucosa colônica. Segundo estudos, as pessoas que vivem com HIV têm uma maior chance de apresentarem EIC em comparação com os casos HIV-negativos, e não está correlacionada com a carga viral. O diagnóstico direto consiste na visualização de espiroquetas na mucosa intestinal, e o indireto pode ser feito com exames treponêmicos e não-treponêmicos séricos, em comparação com anteriores do paciente. Identificada como uma manifestação de visceralização da Sífilis mas também como uma manifestação de Sífilis secundária, o tratamento pode variar entre 2.4 a 7.2 milhões de unidades de Penicilina G Benzatina.

Full text is only aviable in PDF
The Brazilian Journal of Infectious Diseases
Article options
Tools