Ag. Financiadora: ‐
N°. Processo: 276
Data: 18/10/2018 ‐ Sala: 3 ‐ Horário: 16:10‐16:20 ‐ Forma de Apresentação: Apresentação oral
Introdução: Infecção do sítio cirúrgico (ISC) em cesárea pode ser uma complicação grave com consequências não desejáveis. Conhecer a epidemiologia dessas infecções é fundamental para promover prevenção e tratamento apropriado.
Objetivo: Descrever a incidência de ISC em cesárea, bem como a etiologia e o perfil de sensibilidade dos agentes isolados.
Metodologia: Estudo epidemiológico retrospectivo, em duas maternidades em São Paulo de 2013 a 2017. Ambos os hospitais seguem o mesmo protocolo de prevenção de ISC em relação à degermação e antissepsia do campo operatório, antibiótico profilaxia cirúrgica e antissepsia cirúrgica das mãos, com mudança dessa última para o sistema waterless em 2015. Faz‐se um sistema de vigilância pós‐alta por e‐mail e ligação telefônica. A definição de ISC segue os critérios do NHSN do CDC.
Resultado: Foram feitas 124.093 cesáreas, com 494 episódios de ISC (taxa global 0,4%), 398 (80,6%) foram superficiais, 49 (9,9%) profundas e 47 (9,5%) órgão/espaço (endometrite). A incidência de ISC não se alterou significativamente no período do estudo. Os agentes etiologicos foram identificados em 242 casos (49%), 112 (46,3%) foram cocos gram‐positivos e 130 (53,7%) bacilos gram‐negativos. Dos cocos gram‐positivos, os Staphylococcus aureus predominaram, com 86 episódios (38% das ISC com agente identificado), com susceptibilidade a oxacilina de 87,2% e clindamicina 77,9%. A Escherichia coli foi o segundo agente mais prevalente, compreendeu 41 eventos (18%), com sensibilidade a ampicilina de 48,8%, cefalotina 70,7% e gentamicina 92,7%. Outros agentes isolados em ordem de prevalência foram: Klebsiella spp. (8,2%), Proteus spp. (6,6%), Enterobacter spp. (6,1%), Pseudomonas aeruginosa (5,7%) e Serratia marcescens (4,9%).
Discussão/conclusão: A incidência de ISC foi menor comparada com dados brasileiros e internacionais. A indicação de parto cirúrgico no nosso meio é muito peculiar e compreende mais de 80% dos partos. A implantação do sistema waterless para antissepsia cirúrgica das mãos não impactou em aumento de incidência de ISC. Na etiologia, alto predomínio de gram‐negativos, baixa sensibilidade da E. coli a ampicilina e alta sensibilidade do S. aureus a oxacilina. A etiologia e a sensibilidade dos agentes devem ser levadas em conta tanto na profilaxia cirúrgica quanto nos tratamentos empíricos das infecções. Ter protocolos de prevenção e vigilância bem consolidados pode explicar o bom desempenho. A grande população estudada pode servir de referência para outras instituições.