Endoftalmite é uma infecção grave dos tecidos e/ou fluidos intraoculares. Majoritariamente, associa-se a mecanismos exógenos, como traumas, cirurgias ou inoculação direta. Vias endógenas são infrequentes. A Escherichia coli, um bacilo gram-negativo, raramente pode causar endoftalmite através de disseminação hematogênica.

Relatar caso de paciente com endoftalmite por E coli.

Relato de caso.

J.C.L., feminino, 67 anos, portadora de diabetes mellitus e retinopatia diabética, sem cirurgias oculares prévias. Procurou atendimento por astenia, náuseas, calafrios e piora da acuidade visual. Na admissão apresentava hemograma com 19 mil leucócitos, PCR 41 mg/dL, creatinina 5,18 mg/dL, ureia 194 mg/dL, além do parcial de urina com 750.000 leucócitos e líquor normal. Iniciado ceftriaxone empírico por diagnóstico de pielonefrite. Paciente evoluiu pior com dor retro orbitária, cefaleia e anopsia 24 horas, necessitando de evisceração por endoftalmite no 7o dia de internação. Hemoculturas, urocultura e cultura de tecido positivas para E. coli multissensível. Apresentou piora da função renal com necessidade de diálise, além de quadro de trombose venosa profunda em membro inferior esquerdo. Complicou com pneumonia e necessidade de ampliar antibiótico para meropenem, completando 28 dias de esquema no total, com negativação das hemoculturas e resolução do quadro de insuficiência renal dialítica. Recebeu alta para acompanhamento ambulatorial e anticoagulação via oral.

O presente caso destaca a importância da identificação precoce dos sinais e sintomas dessa infecção ocular para que o diagnóstico e tratamento possam ser prontamente iniciados. Existem poucos dados na literatura da prevalência de endoftalmite por E coli, e são escassos os relatos de casos evidenciando esse tipo de infecção. O diagnóstico requer um índice de suspeição elevado quando observado envolvimento ocular em um paciente com bacteremia, sendo que a intervenção precoce, possivelmente, produz melhores resultados.