14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA escassez de leitos, profissionais de saúde e de insumos para a higiene de mãos e paramentação, além do uso inadequado de antimicrobianos durante a pandemia, podem ter contribuído para o aumento expressivo das infecções associadas à assistência à saúde, permitindo a seleção de outros microrganismos.
ObjetivoComparar a incidência das infecções primárias de corrente sanguínea laboratorial associadas ao uso de cateter venoso central (IPCSL-CVC) e os principais microrganismos prevalentes antes, durante e após a pandemia de COVID-19 em UTI especializada.
MétodoEstudo retrospectivo em Hospital público Estadual especializado em infectologia. Avaliadas notificações de IPCSL-CVC (de acordo com os critérios diagnósticos da Anvisa) entre 2018 a 2023. Comparativo da incidência das IPCSL-CVC e seus respectivos microrganismos no período de 2018-2019 (pré-pandemia), 2020-2022 (quando a instituição passou a ser referência em Covid-19) e 2023 (pós-pandemia). Para pacientes com dois ou mais dispositivos concomitantes, foi considerado o mais antigo e/ou com crescimento microbiano.
ResultadosDos 451 pacientes com IPCSL-CVC, 113 infecções foram associadas ao uso de cateteres para hemodiálise. A incidência de IPCSL-CVC (CVC-dia) no período do estudo foi de: 19,1 de 2018 a 2019; 15,1 de 2020 a 2022 e 12,9 em 2023. Os principais agentes isolados no período pré-pandemia foram: Staphylococcus coagulase negativo - SCN (25,7%), A. baumannii (14,9%), K. pneumoniae (10,8%) e Candida não albicans (10,8%). Durante a pandemia, os microrganismos mais frequentes foram: SCN (26,1%), Enterococcus spp. (13,3%), A. baumannii (11,8%) e K. pneumoniae (10,8%), com o aparecimento de casos de P. aeruginosa (7,5%) e S. maltophilia (1,8%). Em 2023, os principais agentes identificados foram SCN (32,6%), Enterococcus spp. (20,9%), Candida não albicans (11,8%), A. baumannii (9,3%) e K. pneumoniae (9,3%).
ConclusãoEmbora a incidência de IPCLS-CVC tenha sido maior antes da pandemia, houve redução expressiva em 2023. Durante a pandemia, houve aumento dos casos de Enterococcus spp., P. aeruginosa e S. maltophilia, em comparação com o período anterior. Em 2023, houve um aumento progressivo das infecções por Enterococcus spp. e Candida não albicans. O ambiente hospitalar pode contribuir para a propagação de microrganismos, caso não sejam seguidas as boas práticas de prevenção de infecções e de uso racional de antimicrobianos.