14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoOs pacientes com queimaduras extensas apresentam imunossupressão por longo período, além de perda da barreira da pele, uso de dispositivos invasivos e tempo de internação prolongado, tornando-os mais suscetíveis às infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS).
ObjetivoAvaliar o perfil microbiológico e os principais microrganismos isolados nas IRAS identificadas em pacientes internados em uma unidade de tratamento de queimaduras.
MétodoEstudo de coorte realizado em hospital de ensino na cidade de São Paulo, no período de janeiro de 2020 a dezembro de 2023, na unidade de tratamento de queimaduras, composta por seis leitos de enfermaria e quatro de UTI.
ResultadosForam internados 450 pacientes no período, totalizando 9858 pacientes-dia. Nesse período, foram notificados 109 casos de IRAS (11,05 IRAS/1000 paciente-dia), sendo a infecção da área queimada a mais prevalente (32,1%), seguida de infecção primária de corrente sanguínea com e sem dispositivo (29,4%) e pneumonia associada à ventilação mecânica (13,8%). Entre os patógenos identificados temos: 71,1% (n = 86) Gram-negativos; 23,1% (n = 28) Gram-positivos e 5,8% (n = 7) fungos. Os microrganismos mais prevalentes foram: Acinetobacter baumannii (19,8%, n = 24); Klebsiella pneumoniae (19,8%, n = 24); Pseudomonas aeruginosa (19,8%, n = 24); Staphylococcus aureus (9,1%, n = 11) e Enterococcus faecalis (5,7%, n = 7). Em relação ao perfil de sensibilidade, os Gram-negativos apresentaram resistência aos carbapenêmicos em 51,2% (n = 44) e a polimixina B em 15,1% (n = 13). Entre os Gram-positivos, 72,7% (n = 8) dos Staphylococcus aureus foram resistentes à oxacilina.
ConclusãoAs infecções de área queimada e primária de corrente sanguínea com e sem dispositivo são as mais prevalentes em pacientes queimados, sendo causadas principalmente por Gram-negativos. Acinetobacter baumannii, Klebsiella pneumoniae e Pseudomonas aeruginosa foram os microrganismos com maior incidência, com resistência aos carbapenêmicos em mais da metade dos casos. S. aureus tiveram alta taxa de resistência à oxacilina.