14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA tuberculose (TB) persiste como um grande desafio para a saúde pública no Brasil. O Programa Nacional de Controle da Tuberculose elegeu entre as populações mais vulneráveis à infecção a população privada de liberdade (PPL), visto que o sistema prisional é um ambiente potencialmente transmissor da TB, além do risco para o tratamento inadequado, detecção tardia e formas resistentes da doença.
ObjetivoDescrever os principais fatores associados aos casos de cura de TB pulmonar em adultos e idosos privados de liberdade, notificados no Sistema de Notificação de Agravos de Notificação em municípios de grande porte, no estado do Paraná (PR), segundo variáveis sociodemográficas e clínico epidemiológicos.
MétodoEstudo de abordagem quantitativa, transversal, baseado nos casos de TB pulmonar com situação encerramento cura, adultos jovens (19 a 59 anos) e idosos (> 60 anos), no período de 2019 a 2023, em munícipios de grande porte no PR, com mais de 500 mil habitantes. A tabulação dos dados foi cruzada utilizando frequências absolutas e relativas, qui-quadrado de Pearson (p-valor < 0,005), por meio do software SPSS® versão 22.0. CAAE: 38855820.6.0000.523.
ResultadosForam notificados 4178 casos de TB pulmonar, destes 606 concernentes a PPL. A média de idade 30,11 anos, sendo 98% do sexo masculino, 59,4% brancos, sendo que 63% com até nove anos de estudo, 52,3% com a situação encerramento cura. Os principais fatores associados à cura de TB pulmonar incluíram o fato de ter a coinfecção TB/HIV (p < 0,001), realização da terapia antirretroviral (p = 0,001) e tratamento diretamente observado (p < 0,001), assim como a realização do teste molecular rápido (p = 0,032) e de sensibilidade (p < 0,001). Não houve associação para raça (p = 0,062), sexo (p = 0,184), faixa etária (p = 0,580), nem para as comorbidades AIDS (p = 0,075), diabetes (p 0,293), doenças mentais (p 0,878), uso de drogas ilícitas (p = 0,95) e tabagismo (p = 0,064), somente para o alcoolismo (p = 0,030).
ConclusãoOs achados ressaltam a necessidade de estratégias direcionadas para o tratamento eficaz da TB na PPL. Embora algumas variáveis sociodemográficas e comorbidades não tenham apresentado associações significativas, faz-se necessário uma abordagem abrangente para o controle da TB em ambientes prisionais com políticas de saúde pública que visam a erradicação da doença e melhoria da qualidade de vida desse grupo vulnerável.