14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA paracoccidioidomicose (PCM) é uma micose sistêmica causada pelo fungo Paracoccidioides brasiliensis e Paracoccidioides lutzii. Está relacionada às atividades agrícolas, nas quais o manejo de solos contaminados favorece a inalação dos conídios que, posteriormente, darão origem as fases leveduriformes ou por contiguidade. Apresenta incidência e prevalência subestimadas, por não ser de notificação compulsória no Brasil com cerca de 80% nas regiões sul e sudeste do país. O quadro clínico insidioso pode evoluir com sequelas graves se não tratados precocemente, como DPOC exarcebada, cor pulmonale, doença de Addison, estenose de laringe e traqueia.
ObjetivoExplanar sobre as variadas manifestações clínicas secundária ao diagnóstico de paracoccidioidomicose em um Hospital Universitário.
MétodoTrata-se de um estudo unicêntrico, transversal, retrospectivo com pacientes avaliados e atendidos entre os anos 2016 a 2022, avaliados pelo mesmo infectologista no Ambulatório de Micologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz da Universidade de Pernambuco. Raspagens e culturas das lesões foram coletadas pela equipe especializada de Micologia da instituição e as biópsias encaminhadas ao Serviço de Patologia da Universidade (CIAP).
ResultadosDurante o período de acompanhamento sete pacientes foram diagnosticados baseado em biópsia e histopatológico, sendo todos os sete homens e com idade média de 51 anos. Três pacientes (42,85%) tiveram acometimento de vias áreas (pulmão, laringe e/ou cavidade nasal); três apresentaram acomentimento de mucosas (42,85%) (oral e anal); e um paciente com acometimento linfonodal (14,3%). Seis pacientes (85,7%) foram tratados com sulfametoxazol/trimetoprim, tendo um dentre eles iniciado o tratamento com anfotericina B, e um paciente tratado com Itraconazol (14,3%).
ConclusãoNa literatura, o grande fator de risco descrito para aquisição da infecção são as profissões ou atividades relacionadas ao manejo do solo contaminado com o fungo, como atividades agrícolas, grupo do qual a maioria (57,1%) dos pacientes do nosso serviço faz parte. Sendo assim, a PCM pode se manifestar com clínicas variadas e algumas mais raras, como acometimento anal, tendo como diagnóstico diferencial neoplasia.