14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA tuberculose (TB) continua a ser um importante problema de saúde pública. Embora a TB pulmonar seja a forma mais frequente, um em cada cinco casos manifesta-se na forma extrapulmonar, a qual constitui-se como um desafio para o diagnóstico, devido à apresentação clínica insidiosa e à natureza paucibacilar, acarretando atraso no início do tratamento.
ObjetivoDescrever os casos de TB extrapulmonar diagnosticados no Hospital São Paulo entre 2019 e 2024, identificando os principais desafios para o manejo clínico.
MétodoEstudo transversal dos casos de TB identificados e acompanhados no Hospital São Paulo da Universidade Federal de São Paulo (HSP-HU-Unifesp). Foram excluídos aqueles com mudança de diagnóstico. A fonte de dados foi a base de dados TB-WEB utilizada na rotina de notificação dos casos junto ao Núcleo Hospitalar de Epidemiologia da Comissão de Epidemiologia Hospitalar. As análises utilizaram o software Microsoft Excel®.
ResultadosEntre 2019 e o primeiro trimestre de 2024 foram notificados 541 casos de TB. Do total, 266 (49,2%) foram classificados como pulmonares, 180 (33,3%) como extrapulmonares, 85 (15,7%) na forma mista e 10 (1,8%) como disseminados. Dentre as formas extrapulmonares sem associação a forma pulmonar, 109 (60,6%) ocorreram no sexo masculino, 66 (36,7%) eram brancos e 55 (30,6%) pardos. Já em relação a faixa etária e a escolaridade, 101 casos em adultos de 30 a 59 anos (56,1%) e 75 (41,7%) apresentaram baixa escolaridade (entre 4 e 11 anos de estudo), respectivamente. Os casos de TB extrapulmonar classificaram-se como casos novos em sua maioria (159; 88,3%), sendo que 135 (75%) apresentavam pelo menos uma comorbidade. HIV/AIDS correspondeu por 13,9% (25 casos). Somente 82 casos (45,6%) tiveram confirmação laboratorial. Ao todo, foram identificadas 21 combinações diferentes de formas extrapulmonares, sendo as quatro mais prevalentes: pleural (34; 18,9%), oftálmica (30; 16,7%), ganglionar periférica (27; 15,0%) e meníngea (23; 12,8%). Dentre os encerramentos, 103 (67,87%) evoluíram para cura, entretanto, 21 (13,8%) evoluíram para o óbito.
ConclusãoOs casos de TB extrapulmonar mostraram-se de difícil manejo pela ampla variedade de formas clínicas presentes, baixa confirmação laboratorial e comumente associados a outras comorbidades. Destacam-se que boa parte deles evolui para o óbito. Mais testes específicos e precisos são necessários no programa de rotina de controle da TB para o diagnóstico das diversas formas extrapulmonares.