14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoCom a identificação do primeiro caso de covid-19 em 2020, as escolas médicas adaptaram-se rapidamente, reorganizando o calendário escolar, instituindo ensino a distância quando possível e individualizando as propostas pedagógicas. Com a evolução da pandemia, a doença apresentou um padrão de ondas epidêmicas; com incidência de 0,0% a 1,9% em profissionais da saúde.
ObjetivoOs objetivos foram: avaliar a taxa de infecção pelo SARS-CoV-2 entre indivíduos de uma universidade pública brasileira; analisar a frequência de condições pós-covid-19 e verificar a distribuição das fontes presumidas de infecção e sua relação com a categoria profissional.
MétodoFoi realizado um estudo observacional transversal para avaliar o efeito da covid-19 em colaboradores dos sete campi da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que preencheram um formulário eletrônico de 13 de julho a 08 de agosto de 2022 sobre características demográficas e evolução da covid-19. Após a coleta de dados, foi realizada análise estatística, sendo utilizados os testes de Tukey e do qui-quadrado de Pearson, e o modelo de regressão de Poisson. Valores de p < 0,05 foram estatisticamente significativos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unifesp/HSP e pela CONEP.
ResultadosParticiparam da pesquisa 5177 indivíduos; 3489 (67,39%) eram mulheres, 3618 (69,89%) brancos e 2616 (50,53%) discentes de graduação. A taxa global de infecção pelo SARS-CoV-2 foi de 32,07%, sendo mais elevada entre médicos residentes (50,48%) versus discentes de graduação (26,88%; p < 0,001). Médicos residentes apresentaram um risco aumentado de covid-19, de 23,72% a 58,41% versus outros profissionais. A forma presumida de contágio mais relatada envolveu o núcleo familiar/domiciliar (818; 49,94% dos indivíduos que identificaram fonte). Um grupo relacionado à assistência à saúde apresentou maior relação com a transmissão no ambiente hospitalar/ambulatorial (p < 0,001 e = 0,042 em primeiro e segundo episódios de covid-19). Por fim, 73,85% dos participantes descreveram a ocorrência de ao menos uma condição pós-covid, destacando-se o cansaço extremo e os problemas de memória e concentração como as mais frequentes.
ConclusãoA Covid-19 influenciou a dinâmica universitária, levando a modificações sobretudo para profissionais da saúde. A taxa de infecção pelo SARS-CoV-2 foi maior entre médicos residentes, que relataram maior transmissão no cenário hospitalar/ambulatorial, e cerca de três quartos dos participantes descreveu ao menos uma condição pós-covid.