XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) é uma encefalopatia espongiforme rara, progressiva e intratável. Tem uma incidência mundial de 1/1.000.000 por habitantes, três subtipos e uma forma variante que está associada ao consumo de carne bovina contaminada. Os sintomas variam entre manifestações neuropsiquiátricas e cognitivas. O diagnóstico é anatomopatológico ou pela associação entre sintomas compatíveis e a presença da proteína 14-3-3 no líquor cefalorraquidiano (LCR). O tratamento é sintomático. O presente estudo visa relatar três casos confirmados da DCJ ocorridos em indivíduos naturais do norte de Minas Gerais nos últimos 5 anos. O primeiro caso de 2018, é de um paciente do sexo masculino, 53 anos, com parestesia e distonia em mão direita. Além de labilidade emocional, irritabilidade, alterações visuais, evoluindo rapidamente com tetraparesia e crises convulsivas em um período de 45 dias. Foi submetido a pesquisa da proteína 14.3.3 no LCR com resultado positivo. O segundo caso, de 2019, um paciente do sexo masculino, 75 anos, com quadro de demência rapidamente progressiva, afasia, alteração da memória e crises convulsivas, associado a disfagia e mioclonias. Suspeitando-se de DCJ foi realizada análise de LCR, o qual mostrou presença da proteína 14.3.3. O terceiro caso, de 2022, é uma paciente do sexo feminino, 52 anos, com quadro de confusão mental, incoordenação motora e tremores com evolução de 4 meses. Aventado hipótese DCJ Foi realizado coleta de LCR e pesquisa da proteína 14.3.3 que se mostrou positiva. Diante do exposto, evidenciamos que a incidente de DCJ na região Norte de Minas Gerais (1,764/1.000.000) é superior a incidência mundial. A idade média foi de 60 anos e a sobrevida limitada, de forma que alguns pacientes não sobrevivem até a conclusão da investigação. Todos os pacientes apresentavam alguma manifestação neurológica compatível com a DCJ, sendo mais comuns as alterações cerebelares e as mioclonias. A dificuldade de acesso às técnicas de confirmação neuropatológica, torna o diagnóstico definitivo inviável sendo o diagnostico aqui firmado através das evidências clínico-laboratoriais. Pela falta de tratamento específico o manejo foi sintomático. Por fim, é crucial um diagnóstico correto e identificação da doença na sua forma variante visando a oferecer suporte adequado aos pacientes, gerenciar sintomas e implementar medidas de prevenção para controle dessa doença devastadora.