As síndromes febris são constituídas por um grupo de doenças que cursam com episódios de febre e inflamação sistêmica. A causa pode ser autoimune, infecciosa, neoplásicas, entre outras. Sendo assim, anamnese e exame físico são primordiais para elucidação diagnóstica e manejo da síndrome.

Apresentar um caso de Dengue com mioglobinúria em adolescente.

Masculino, 14 anos, procedente de Porto Velho – RO, deu entrada no Centro de Medicina Tropical de Rondônia, encaminhado da Unidade de Pronto Atendimento, com história de mal-estar geral há 5 dias, febre aferida de 39°C, dor panturrilhas, colúria, dor abdominal, diarreia há 3 dias, náuseas e episódios de êmese de aspecto liquefeito amarelado, em 24 horas. Na admissão, paciente com queda do estado geral, febre de 39,5°C, PA 125 × 90mmhg, FC 129 bpm, SPO2 de 96% ar ambiente. Presença de hepatomegalia > 3 cm do rebordo costal, rash cutâneo, múltiplas petéquias em membros inferiores e dores em panturrilhas. Na internação evidenciou-se mioglobinúria. Laboratoriais do serviço com Plaquetas 119.000 mm3, CPK 102062 U/L, DHL 21880, PCR 25 mg/L, TGO 42500 U/L, TGP 8400 U/L, Ureia 183 mg/dl, Creatinina 3.16 mg/dl, Fosfatase Alcalina 188 U/L, Gama GT 502 U/L, Proteína Totais Urina 480,79 mg/24h, Pesquisa de Plasmodium negativa, sem dismorfismo eritrocitário no exame sumário de urina. Avaliado junto a nefrologia por elevação de escórias nitrogenadas, se tratando de Lesão Renal Aguda, sem necessidade de terapia de substituição renal.

Sorologias para NS1 e Dengue IgM reagentes; RT-PCR para Dengue detectável, Zika e Chikungunya RT-PCR não detectáveis; Leptospirose IgM, sorologia Anti HAV IgM e Leishmaniose Visceral Humana IgG não reagentes; Febre Amarela IgM indeterminado- resultado decorrente de reação cruzada para flavivírus. Aventada hipótese de Dengue, foi realizada expansão volêmica conforme parâmetros clínicos, evoluindo com melhora do estado geral e da função renal e resolução da mioglobinúria.

A Dengue é uma doença febril, causada por um dos quatro tipos de vírus (DENV-1, 2, 3 e 4), transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Sua prevalência é maior em áreas endêmicas, como o estado de Rondônia. A manifestação clínica pode ser assintomática, leves e graves, como nos casos hemorrágicos. Não há tratamento antiviral, só de suporte e a internação deve ocorrer em sinais de alerta.