XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoDelafloxacino é uma fluoroquinolona recentemente aprovada para o tratamento de infecções de pele e partes moles (IPPM) e pneumonia adquirida na comunidade. O objetivo deste estudo é descrever o uso desta droga para o tratamento de IPPM complicadas.
MétodosEstudo descritivo retrospectivo, em um hospital público estadual de ensino e referência em infectologia. Foi feita a revisão dos prontuários eletrônicos de pacientes com IPPM complicadas que receberam delafloxacino por pelo menos dois dias, de outubro de 2022 a abril de 2023. Pacientes com infecção em outros sítios ou que receberam terapia combinada com outros antimicrobianos foram excluídos.
ResultadosForam identificados oito pacientes com IPPM complicada que receberam delafloxacino no período do estudo, sendo cinco do sexo masculino. A mediana de idade foi de 44 anos (25-71 anos). As comorbidades encontradas foram: HIV/AIDS (quatro casos); uso de drogas (três casos); hipertensão (dois casos); tabagismo (dois casos); etilismo (dois casos); diabetes (um caso). Os agentes isolados foram: S. aureus resistente à meticilina (MRSA), S. pyogenes, P. aeruginosa, Enterobacter cloacae e E. coli. Dois pacientes tinham MRSA isolado em culturas anteriores (biópsia de pele e secreção de abscesso). Todos haviam recebido terapia antimicrobiana previamente: ceftriaxona mais oxacilina (três casos); ceftriaxona mais doxiciclina; ceftriaxona mais clindamicina; vancomicina mais piperacilina-tazobactam; penicilina benzatina; amoxicilina. O tempo de uso de delafloxacino variou de 2 a 15 dias (mediana de quatro dias). Nenhum dos pacientes interrompeu o uso do antimicrobiano por toxicidade. Quase todos os pacientes (7/8) receberam alta com antibióticos por via oral: sulfametoxazol-trimetoprim em monoterapia (dois casos) ou em associação com quinolona (dois casos) ou com fluconazol (um caso); levofloxacino (um caso); amoxicilina-clavulanato (um caso).
ConclusãoNesta série de casos, o delafloxacino se mostrou uma droga segura e eficaz para o tratamento de infecções complicadas de pele e partes moles, incluindo pessoas vivendo com HIV/AIDS. S. aureus resistente à meticilina foi o agente mais isolado. Dados de vida real do uso deste antimicrobiano ainda são raros. Quase todos os pacientes tiveram o esquema antimicrobiano modificado na alta hospitalar, uma vez que a apresentação da droga por via oral não está disponível no país.