A criptococose é uma micose sistêmica causada pelo fungo Cryptococcus neoformans nas suas 2 variedades: C. neoformans e C. gatti. A primeira ocorre mais em imunocomprometidos com alta mortalidade. A segunda acomete principalmente indivíduos HIV negativos com acometimento sobretudo cerebral e pulmonar.
ObjetivoRelato de um caso de criptococose disseminada por Cryptococcus gatti em imunocompetente.
MétodoDescrição do caso: Masculino, 51 anos, iniciou quadro de cefaléia, mialgia, perda ponderal 4 dias antes da internação, com náuseas sem vômitos, febre. Punção liquórica revelou pesquisa de antígeno de Cryptococcus positiva 1/1000, 1100 leucócitos, sendo 60% linfócitos, 33 % neutrófilos, glicose = 18 e proteínas = 91), PCR para Cryptococcus positiva e cultura positiva para Cryptococcus gatii com resistência parcial a fluconazol em líquor inicial. Apresentou cultura posterior negativa do líquor 14 dias após início do tratamento. Pesquisa de antígeno de Cryptococcus sérico positiva 1:1000. Biópsia pulmonar mostrou Cryptococcus positivo. Prescrito tratamento para criptococose disseminada com Anfotericina complexo lipídico 5 mg/kg/dia por 28 dias e fluconazol 600mg vo 12/12 h desde o início. Dose foi ajustada para 800 mg vo 12/12 h após 28 dias pelo resultado inicial da cultura parcialmente sensível a fluconazol, mas optado por manter fluconazol pela boa resposta clínica do paciente. Pela boa resposta, foi liberado após 30 dias de tratamento mantendo apenas fluconazol. Foi investigada imunidade com cd4 = 975, cd8 = 407, IgG = 949, IgA = 211, IgM = 130. Sorologia para HIV, hepatites virais negativos.
ConclusãoC. gattii causa infecções especialmente em hospedeiros imunocompetentes e encontra-se em matéria orgânica em decomposição, causando sintomas que vão desde febre e tosse a condições severas (meningite). O tratamento de primeira linha da criptococose é realizado com anfotericina B e fluocitosina (fase de indução) seguida da fase de consolidação e manutenção com fluconazol. Como fluocitosina não estava disponível no nosso serviço, foi utilizado fluconazol associada à anfotericina B com melhora clínica e laboratorial na fase de indução apesar da resistência parcial do fluconazol na cultura do líquor (MIC 8,0).