Os dados de Covid-19 em indivíduos com câncer demonstram maior risco de complicações, maior chance de internações e pior prognóstico. Porém não está claro se essa gravidade se mantém com as mais recentes variantes e após a expansão da vacinação.
ObjetivoAvaliar os desfechos da infecção por SARS-CoV-2 em pacientes com câncer durante a predominância da variante Ômicron e após vacinação em larga escala, e comparar com os dados do período inicial da pandemia.
MétodoEstudo de coorte retrospectivo, realizado em janeiro/2022 no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo. Foram incluídos todos os casos confirmados de COVID-19, definidos por PCR ou Teste rápido (antígeno) positivos. Dados obtidos das planilhas do SCIH, derivadas de busca ativa e prospectiva do Serviço. As seguintes variáveis foram avaliadas: idade, sexo, etnia e diagnóstico oncológico. Os desfechos definidos foram: mortalidade, internação, internação em UTI e uso de ventilação mecânica invasiva (VMI) em pacientes internados na UTI. Dados comparados com a casuística publicada do Instituto, referente ao período de 31/03 a 02/09/2020.
ResultadosForam incluídos no período de janeiro/2022 554 casos, e no período anterior (série histórica, 2020) 576 casos. Idade mediana 55a no grupo atual vs 63a na série histórica; 55,6% vs 50,7% mulheres. Os principais diagnósticos oncológicos foram trato gastro-intestinal (19,9% no grupo atual vs 20,4% na série histórica), mamas (13,7% vs 13,7%), gênito-urinário (11,4% vs 10,5%) e onco-hematológicos (16,4% vs 17,7%). Os desfechos, com respectiva comparação com a série histórica, estão demonstrados na tabela 1.
ConclusãoNo estudo atual, observamos melhora significativa na evolução da Covid-19 em pacientes com câncer, incluindo menor gravidade e mortalidade. A mudança no prognóstico pode dever-se a alguns fatores, ou associação dos mesmos: maioria da população com esquema vacinal completo; predominância de variante eventualmente menos virulenta (Ômicron); melhor manejo diagnóstico e terapêutico da infecção.