XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoNas últimas décadas, a epidemia de HIV/aids passou por transformações significativas. Desde 2012, ocorreu uma queda na taxa de mortalidade por aids, atribuída em parte à recomendação do "tratamento para todos". Dessa forma, este estudo objetiva analisar a tendência temporal dos óbitos por HIV/aids de acordo com o sexo e faixa etária no Brasil entre 2001 e 2021.
MétodosTrata-se de um estudo ecológico tipo série temporal dos óbitos relacionados à infecção pelo HIV/aids no Brasil. Os dados de mortalidade foram obtidos através do Portal do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde considerando o período entre 2001 e 2021. Os dados populacionais foram extraídos a partir da base de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, considerando informações e estimativas do censo populacional nacional de 2010. Foi realizada a análise descritiva utilizando o Microsoft Excel 16.53 e as análises de tendências temporais por meio de modelos de regressão linear segmentada, utilizando o Joinpoint 5.0.2, com os resultados apresentados em APC (variação percentual anual) e AAPC (média da variação percentual anual) para definir tendências.
ResultadosForam registrados no período 244412 óbitos por HIV/aids no Brasil, sendo 163028 (66,7%) do sexo masculino. A maior proporção de óbitos ocorreu na faixa etária de 30-39 anos. A tendência da mortalidade nos homens ao longo do período foi decrescente (AAPC -0,8), enquanto nas mulheres a tendência foi de estabilidade. A partir dos 50 anos, houve tendência crescente da taxa de mortalidade em ambos os sexos, já todas abaixo dessa idade, exceto homens de 15 a 19 anos que foi estável (AAPC -2,4), foram decrescentes. Ao analisar o APC, entre homens e mulheres de 15 a 59 anos, ocorreu uma mudança significativa das tendências de óbitos, com exceção das mulheres de 20-29 anos (APC -4,1) que continuou sempre decrescente, as tendências que até entre 2013 a 2016 eram crescentes ou estáveis passaram a ser decrescentes e as decrescentes aumentaram a velocidade de queda.
ConclusãoO comportamento epidemiológico do HIV/aids tem particularidades, como as diferenças observadas entre sexo e faixa etária, que devem ser exploradas por programas de saúde nacionais, pois apesar de uma tendência global de estabilidade, há importantes variações entre a tendência dos óbitos de acordo com essas variáveis e ao longo do tempo.