XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA Morganella morganii é um bacilo residente comensal da microbiota gastrointestinal. Em ambientes hospitalares, pode causar ferimentos no pós-operatório e infecções do trato urinário. Apresenta resistência a múltiplos antibióticos, colocando-se como um desafio para o controle clínico de infecções.
ObjetivoAvaliar os aspectos relacionados à infecção hospitalar pela M. morganii e analisar as principais complicações causadas pela bactéria em pacientes internados.
MétodosEstudo prospectivo do período de Dez/2014 a Dez/2019, a partir dos registros do Núcleo de Controle de Infecção Hospitalar de dez hospitais brasileiros. A comparação entre os grupos de pacientes foi feita por teste de hipótese bilateral para duas médias (nível de significância de 0,05). Realizada análise multivariada, por regressão logística, para os desfechos do estudo. As variáveis testadas na última etapa da pesquisa foram selecionadas na análise univariada, com base naquelas com valor-p≤0.25.
ResultadosEm cinco anos de estudo, coletamos dados de 263 pacientes, avaliando fatores, como: tempo de internação, realização de cirurgia ou procedimento invasivo, permanência em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), ocorrência ou não de sepse e idade do paciente. Dos pacientes com infecção por Morganella, 165 tiveram internação prolongada (>15 dias), 95 realizaram cirurgia ou procedimento invasivo, 100 ficaram em UTI, 18 tiveram sepse e 116 tinham idade avançada (>70 anos). Os óbitos foram, respectivamente, para as mesmas variáveis: 62, 31, 45, 7 e 40. Internação prolongada, permanência em UTI, idade avançada, realização de cirurgias ou procedimentos invasivos e ocorrência de sepse aumentam, nesta ordem, o risco de infecção. Já para a mortalidade, os fatores influenciam quase igualmente, havendo uma inversão entre a realização de cirurgias ou procedimentos invasivos e a idade avançada, sendo a primeira mais associada à ocorrência de óbitos. Assim, a internação prolongada é o principal fator de risco associado à infecção por M. morganii, bem como à mortalidade desta afecção.
ConclusãoA infecção por M. morganii aumenta a morbimortalidade de pacientes internados, especialmente se associada a fatores de pior prognóstico. É necessária a detecção precoce das infecções hospitalares, principalmente em indivíduos susceptíveis, e o controle da disseminação de bactérias multirresistentes pelas unidades de atenção terciária à saúde.