A infecção pelo SARS-CoV-2 apresentou piores desfechos em idosos e imunocomprometidos pelo mundo todo, e até março de 2022, a doença havia causado 655.249 óbitos no Brasil. O vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) infecta os linfócitos T CD4 + e os degrada, podendo levar a um quadro de imunodepressão. Até 2020, eram 37.7 milhões de pessoas infectadas pelo HIV. Assim, surge a hipótese de que pessoas vivendo com HIV vivenciariam piores prognósticos da COVID-19 se comparados àqueles que não convivem com o HIV.
ObjetivoInvestigar a relação da coinfecção HIV e SARS-CoV-2 e seu respectivo desfecho por meio de uma revisão sistemática horizontal, buscando responder à pergunta: "Indivíduos portadores de HIV possuem menor resposta imunológica à infecção da COVID-19?"
MétodoFoi realizada uma revisão sistemática horizontal cuja pesquisa bibliográfica foi realizada entre os dias 27 de março e 13 de abril de 2022 na base de dados PubMed Central e LILACS, compreendendo artigos do período entre 2020 e 2022, pelo método PRISMA, para identificar artigos elegíveis que abordassem pacientes do vírus HIV e a COVID-19. Realizada por 4 pesquisadores independentes e checado por um pesquisador sênior. Foram utilizados os termos: ‘COVID-19’, ‘HIV’, ‘AIDS’, ‘CORONAVIRUS’, ‘HUMAN IMMUNODEFICIENCY VIRUS’, ‘SARS COV 2’.
ResultadosInicialmente foram encontrados 10.224 artigos publicados entre 2020 e 2022 nas bases de dados e aplicados os métodos de inclusão, restando 38 artigos. Ao todo, foram estudados 162.007 casos de coinfecção HIV - SARS-CoV-2 abrangendo todos os continentes, sendo 97.823 (60,4%) do sexo masculino. A idade média dos pacientes coinfectados foi de 51,3 anos. A média de TCD4 foi de 571,3 e os três sintomas mais relatados da COVID-19 foram febre, tosse e dispneia. Ao todo, 118.232 (77,2%) pacientes estavam em terapia antirretroviral (TARV), sendo que 12 estudos não forneciam o dado. O número de óbitos foi de 25.396 (15,7%), segundo 34 estudos.
ConclusãoA maioria dos estudos aponta que os pacientes vivendo com a coinfecção HIV - SARS-CoV-2 não apresentam maior risco de mortalidade pela COVID-19 se comparados aos pacientes sem HIV, quando estudados de forma isolada, possivelmente por se tratar de uma população em tratamento, com sua imunidade compensada. Em geral, as características e sintomas dos pacientes com coinfecção não diferiram dos pacientes não portadores de HIV. A taxa de mortalidade de pacientes co-infectados também foi similar à da população em geral de 50 a 59 anos.