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Vol. 27. Issue S1.
XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
(October 2023)
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XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
(October 2023)
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CASO DE RAIVA HUMANA APÓS MORDEDURA POR SAGUI (CALLITHRIX JACCHUS) EM PACIENTE COM COVID-19: EVOLUÇÃO CLÍNICA, CUIDADOS INTENSIVOS E CONTEXTO EPIDEMIOLÓGICO
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Luís Arthur Brasil Gadelha Fariasa,
Corresponding author
luisarthurbrasilk@hotmail.com

Corresponding author.
, Ruth Maria Oliveira de Araujob, Kelma Maria Maiab, Madalena Quinto de Azevedob, Karene Ferreira Cavalcantec, Larissa Leão Ferrer de Sousac, Tania Mara Silva Coelhod, Lauro Vieira Perdigão Netoa
a Pós-graduação em Doenças Infecciosas, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil
b Hospital São José de Doenças Infecciosas (HSJ), Fortaleza, CE, Brasil
c Laboratório de Saúde Pública do Ceará (LACEN), Fortaleza, CE, Brasil
d Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (SESA), Fortaleza, CE, Brasil
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Vol. 27. Issue S1

XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia

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Introdução/objetivo

A raiva humana(RH) é uma zoonose transmitida ao homem pela inoculação do vírus rábico contido na saliva e secreções do animal infectado, através de mordedura ou arranhadura. Dentre os principais reservatórios da raiva no Brasil, encontram-se os saguis de tufo branco (Callithrix jacchus), pequenos primatas diurnos que se alimentam de frutos e insetos. Esse trabalho objetiva descrever um caso de RH em paciente do Ceará, com SARS-CoV-2, após mordedura por sagui. O presente trabalho foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa do Hospital São José de Doenças Infecciosas (HSJ) (Protocolo N° 6.075.627).

Resultados

Homem, 36 anos, natural de Cariús-CE, procurou atendimento em maio/2023 em UBS com história de trauma por arma branca, queixando-se de parestesia e dor em membro superior direito. Naquele momento, não relatou agressão por animal. Após 2 meses, deu entrada na emergência com quadro de agitação psicomotora, desorientação, espasmos musculares e diaforese. Após inquérito epidemiológico, familiares informaram que o paciente sofreu mordedura por sagui no punho direito em fevereiro/2023. O paciente não recebeu profilaxia antirrábica. Após 48h, evoluiu com rebaixamento do sensório, necessitando de ventilação mecânica e suporte intensivo. Iniciado vitamina C EV 1g/dia e Amantadina 100mg VO de 12/12h, além de sedação com midazolam e ketamina conforme protocolo de Milwaukee. Punção lombar revelou líquor límpido, glicorraquia 46 mg/dL, proteinorraquia 181 mg/dL, celularidade de 68 cel/mm³. RT-PCR para Covid-19 em amostra respiratória resultou positivo. No 6° dia, paciente evoluiu com disautonomia e bradicardia refratária às medidas clínicas evoluindo a óbito. A investigação para RH evidenciou: imunofluorescência direta(IFD) do LCR e RT-PCR de amostras de saliva foram negativas. A biópsia de nuca e de tecido encefálico coletado post-mortem foram positivas para a raiva na IFD.

Conclusão

A maioria dos casos de RH tem ocorrido após agressão de animais selvagens e de interesse econômico. Um caso de RH no Ceará não era registrado há 7 anos. O último caso de RH por mordedura de sagui ocorreu em 2012. Inquéritos epidemiológicos evidenciaram novas linhagens do RABV circulando nestes animais. O período de incubação apresentado foi de 60 dias e a sintomatologia ocorreu durante a coinfecção com COVID-19. Provavelmente não houve relação entre as doenças. A conscientização da população e a profilaxia antirrábica ainda são fundamentais.

Palavras-chave:
Raiva Humana Sagui Covid-19 Ceará
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The Brazilian Journal of Infectious Diseases
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