XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA bactéria Klebsiella pneumoniae resistente a carbapenêmicos é considerada um patógeno prioritário de acordo com a OMS e o CDC. No Brasil, há predomínio de K. pneumoniae produtora de KPC, considerada endêmica em diversos hospitais. Além da resistência a carbapenêmicos, geralmente os isolados de Klebsiella KPC+ apresentam resistência a outros fármacos, o que suscita a investigação de novos antimicrobianos/combinações com potencial efeito terapêutico. Um dos fármacos mais recentes introduzidos no mercado é ceftazidima-avibactam (CZA), que apresenta atividade contra KPC mas não contra metalo-carbapenemases. A resistência a CZA ainda é pouco reportada, mas deve ser monitorada a fim de preservar sua atividade. Neste estudo, objetivamos realizar a caracterização fenotípica e genômica de três isolados de K. pneumoniae com resistência a CZA enviadas a nosso laboratório de referência.
MétodosOs isolados foram identificados por MALDI-TOF MS e submetidos a teste de sensibilidade por disco difusão e/ou microdiluição em caldo (para polimixina B, colistina e ceftazidima-avibactam). O DNA total bacteriano foi extraído por kit comercial e sequenciado nas plataformas Illumina e Oxford Nanopore (para caracterização completa dos plasmídeos). As análises foram realizadas por ferramentas de bioinformática.
ResultadosDe 97 isolados investigados, três (3%) apresentaram resistência a CZA (MIC > 32 mg/L), sendo dois sensíveis à polimixina e colistina (MIC = 0,125), e foi resistente (MIC = 32 mg/L). A resistência a imipenem e meropenem foi observada apenas em um destes isolados; os outros dois tiveram a sensibilidade aos carbapenêmicos preservada. A análise molecular acusou a identificação dos alelos KPC-33 (n = 2) e KPC-44 (n = 1), em isolados pertencentes aos sequence types ST11, ST258 e ST6326. Os genes blaKPC-33 e blaKPC-44 foram encontrados em diferentes plasmídeos, na seguinte configuração: KPC-33/IncFIIK-IncFIB(pKpQil)/ST6326; KPC-33/IncN/ST11; KPC-44/IncX3-IncU/ ST258.
ConclusãoA resistência a CZA observada nestes três isolados é atribuída à presença de variantes do gene blaKPC-2. Por estarem localizados em diferentes plasmídeos em diferentes clones bacterianos provenientes de diferentes hospitais, a possibilidade de disseminação clonal pode ser descartada, sugerindo atuação da pressão de seleção como maior contribuinte para emergência da resistência a CZA.