A prevenção do HIV evoluiu de forma significativa nos últimos anos. No Brasil a PrEP no SUS iniciou em 2018 às populações mais vulneráveis ao HIV como gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH), transexuais/travestis, trabalhadoras do sexo e casais sorodiferentes. Este trabalho objetiva analisar o perfil demográfico, sexual, de elegibilidade e prevalência de ISTs em pessoas admitidas na PrEP SUS no CEDAP.
MétodosEstudo transversal, com pessoas cadastradas na PrEP SUS do CEDAP entre 23/01/2018 a 30/01/2020. Os dados foram coletados dos prontuários, do Sistema de Controle Logístico de Medicamentos e entrevistas. Foram digitados no MSAccess, analisados e apresentados por estatística descritiva. O estudo foi aprovado pelo CEP SESAB Parecer N° 2.707.965.
ResultadosForam cadastradas 595 pessoas no ambulatório da PrEP no CEDAP no período.Destes, 285 na PrEP SUS, sendo que 9(3,3%) não preenchiam critérios, 5(1,8%) tinham diagnóstico de HIV e 3 (1,1%) recusaram participar da pesquisa. Da amostra elegível para o estudo (268), 1,1% (3) foram excluídos por contraindicação clínica; 3,7% (10) por transferência da PrEP para outro estado e 49,6% (133) por abandono da profilaxia por 6 meses ou mais. A amostra analisada foi constituída por 122 participantes (homens cis gays/HSH (77,05%)), bissexuais (10,66%), heterossexuais (1,64%); mulheres cis heterossexuais (8,20%), bissexuais (1,64%) e mulheres trans (0,82%). A idade média foi de 33 anos, a maioria de pretos e pardos (77,86%), solteiros (78,69%), com ensino superior (65,57%) e residentes em Salvador (87,7%). Conforme os critérios de elegibilidade à PrEP o grupo dos homens gays/HSH foi o mais expressivo (71,31%), seguido das parcerias sorodiferentes para o HIV (18,85%), profissionais do sexo (9,01%) e outros (0,83%). O uso da PEP no último ano à PrEP foi relatado por 28,69%, a ocorrência de ISTs por 46,6% da amostra, sendo Sífilis (64,91%) e Gonorréia e/ou Clamídia (21,05%) as mais prevalentes. O sexo anal foi o mais frequente (50,82%) e a mediana de parcerias sexuais nos 3 meses antes da PrEP foi de 5. Na inclusão, 22,13% tinham teste rápido reagente para sífilis e nenhum caso de Hepatite B ou C identificado.
ConclusãoÉ necessário pensar em estratégias para expansão da PrEP como importante ferramenta de prevenção ao HIV, de detecção e tratamento precoce das ISTs, com foco nos segmentos mais vulneráveis, assim como a adoção de medidas para melhorar a adesão dos usuários à profilaxia.