XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoDurante as fases mais críticas da pandemia de covid-19 houve uma diminuição dos casos de outras infecções respiratórias virais, principalmente devido à adoção das medidas de prevenção. Entretanto, os vírus causadores destas infecções não saíram de circulação. À medida que as ações de contenção da covid-19 abrandaram, outras infecções virais passaram a ser mais diagnosticadas, como a influenza (Flu), que ocasionou surtos no início de 2022 no Ceará. O objetivo deste trabalho foi descrever os aspectos clínicos mais frequentes entre os pacientes com monoinfecção por SAR-CoV 2 e coinfecção covid-19/Flu, de pacientes atendidos em um laboratório privado na cidade de Fortaleza-CE.
MétodosTrata-se de um estudo transversal de pacientes com diagnóstico de covid-19 e covid-19/Flu detectados por teste molecular, no período de dezembro/21-março/2022, em um laboratório privado em Fortaleza. Os dados clínico-epidemiológicos foram coletados de acordo com o registro da ficha de notificação. Análise estatística foi realizada para comparação dos grupos, utilizando p < 0,05.
ResultadosNo período do estudo foram incluídas 1966 amostras de swab naso/orofaringe que foram positivas para alguma infecção viral; 1564 (79,5%) foram positivas para SARS-CoV-2, e 26 positivas para a SARS-CoV-2/Influenza (1;3%). O sexo feminino foi o mais acometido nos dois grupos (p = 0,694). As faixas etárias mais frequentes foram 41 a 69 anos (29,7%), no grupo de moinfecção, e de 19 a 40 anos (50%) no de coinfecção (p = 0,001). Além disso, a maioria dos indivíduos apresentaram sintomas em ambos os grupos (92,5% vs. 100%; p = 0,253;). Tanto no grupo covid-19 como covid-19/Flu, febre (27,5% vs. 26,9%; p = 0,948), tosse (26,8% vs. 34,2%; p = 0,377), cefaleia (13,7% vs. 11,5%; p = 1,000) e odinofagia (24,2% e 7,7%; p = 0,061) foram os sintomas mais frequentes. Sintomas como diarreia, adinamia e anosmia/ageusia foram observados somente nos indivíduos com infecção por SARS-CoV-2, com uma frequência < 10% dos casos. Cerca de 7,5% dos casos de covid-19 estavam assintomáticos.
ConclusãoA coinfecção covid-Flu apesar de não ter sido frequente nesta casuística, revelou manifestações clínicas semelhantes, não sendo possível distinguir as infecções estudadas. Nos períodos sazonais das infecções respiratórias, devemos estar atentos para a possibilidade de coinfecções.