XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA hanseníase é uma doença milenar relacionada à pobreza, pois certas condições das populações menos favorecidas aumentam consideravelmente a exposição ao Mycobacterium leprae e ao Mycobacterium lepromatosis. Antes, durante ou mesmo após o término do tratamento para hanseníase, aproximadamente 30-50% dos pacientes desenvolvem reações inflamatórias agudas a antígenos micobacterianos, frequentemente localizados nos nervos periféricos. Essas reações inflamatórias são responsáveis pela maioria das deficiências físicas relacionadas a doenças infecciosas. Quando os pacientes apresentam reações hansênicas subsequentes, ou seja, por mais de seis meses, são considerados reações crônicas, sendo comum o envolvimento neural. Nesses casos, é necessário investigar fatores que possam atuar como desencadeadores dessas reações, incluindo coinfecções, ainda que subclínicas. A imunidade mediada por células Th1 desempenha um papel importante na evolução das infecções bacterianas intracelulares e, portanto, na evolução da hanseníase e suas reações. Há evidências de que a imunidade mediada por células também está intimamente relacionada com a patogênese e controle da infecção por Bartonella spp.. Essas bactérias podem causar infecção assintomática e são responsáveis por doenças emergentes e reemergentes. A coinfecção por B. henselae em paciente com reação hansênica crônica acompanhado na UNICAMP já foi descrita. Neste paciente houve melhora completa das reações com o tratamento para B. henselae.
ObjetivoAvaliar a ocorrência de infecção por Bartonella sp. Em amostras de sangue de pacientes que tiveram episódios subintrantes de reações hansênicas tipo 2 por mais de seis meses, comparando-os com um grupo controle.
MétodosForam utilizados métodos microbiológicos e moleculares (PCR) em amostras de sangue de pacientes de dois centros de referência para o tratamento da hanseníase no sudeste do Brasil. A evolução de pacientes com DNA de Bartonella sp. Detectado em um dos centros também foi observado.
ResultadosHouve maior prevalência de infecção por Bartonella henselae em pacientes, 19/47 (40,4%), em comparação com o controle, 9/50 (18,0%), p = 0,0149. Cinco pacientes aceitaram o tratamento para coinfecção e todos apresentaram melhora das reações hansênicas com o tratamento da infecção por B. henselae.
ConclusãoConclui-se que essas bactérias podem desencadear reações crônicas da hanseníase tipo 2 e devem ser investigadas nesses pacientes.