Nos últimos anos a América Latina tem experimentado uma redução importante das coberturas vacinais. Desde 2017, os surtos de febre amarela, sarampo e difteria que tem acontecido em diferentes países da região são consequências desta situação.
MétodosCom o objetivo de determinar as barreiras para a imunização, o impacto da pandemia na percepção da vacinação e a aceitação da vacina contra a COVID-19, realizamos um estudo tranversal online que incluiu 9.487 participantes de 9 países da América Latina (Argentina, Brasil, Colômbia, República Dominicana, Equador, Honduras, México, Panamá e Peru). Todos os participantes responderam um questionario sobre seu histórico de imunização/motivos de não ter tomado as vacinas contra sarampo-caxumba-rubéola (MMR) e tétano-difteria (dT). Pessoas com doenças crônicas também responderam sobre a vacina contra Influenza; profissionais de saúde responderam sobre vacinas contra Hepatite B e Influenza. Pais de crianças menores de 15 anos responderam sobre a situação vacinal de seus filhos para o calendário completo, com destaque para vacinas contra Papilomavírus Humano (HPV), MMR e Influenza. Também foram respondidas perguntas sobre a influência da pandemia na percepção da vacinação e a aceitação da vacina contra a COVID-19.
ResultadosA principal barreira para a imunização contra sarampo-caxumba-rubéola e tétano-difteria, assim como contra Influenza para profissionais de saúde, foi o esquecimento da vacinação. Já para vacinas do calendário infantil, como HPV e MMR, e contra Influenza em adultos com doenças crônicas, o principal motivo foi o medo de eventos adversos. A pandemia teve impacto positivo em relação à mudança na percepção da vacinação para 12% dos participantes, o principal motivo dessa mudança foi “alguém próximo teve COVID-19 grave ou morreu devido a esta doença”. Mais de 80% dos participantes estavam dispostos a tomar a vacina contra a COVID-19.
ConclusãoDuas barreiras importantes para a imunização na América Latina são o esquecimento de vacinar-se e o medo de eventos adversos. Para reduzir a baixa adesão e melhorar as taxas de imunização é necessário adotar um sistema de lembrete eficaz e educar a população em relação à vacinação. Apesar da queda das coberturas vacinais nos últimos anos a grande maioria dos latino-americanos são a favor da vacinação e estão dispostos a tomar a vacina contra a COVID-19.