As polimixinas são os antibióticos de eleição em hospitais com recursos limitados para tratamento de bactérias resistentes aos carbapenêmicos. com o aumento do uso, evidenciamos aumento na resistência das bactérias Gram-negativas à polimixina. Estimulamos a substituição de polimixina por aminoglicosídeo quando indicado e avaliamos o impacto da substituição.
Material e métodosEstudo retrospectivo nas unidades de terapia intensiva (UTI), UTI-A e UTI-B do Conjunto Hospitalar do Mandaqui, de 1/01/2017 a 31/12/2017 sem restrição ao uso de polimixinas e 1/01/2018 a 31/12/2019 com avaliação e orientação de uso de aminoglicosídeos nos casos de infecção por bactérias resistentes aos carbapenêmicos. Foram coletados dados de consumo de antimicrobianos (DDD), mortalidade, e pacientes foram submetidos a coleta de cultura de vigilância (CVIG) segundo protocolo institucional. Na CVIG foram avaliados microrganismos Gram-negativos resistentes aos carbapenêmoco. Foi calculado pressão de colonização (CVIG/paciente/dia) para as bactérias isoladas. A identificação bacteriana foi realizada por espectrometria de massa (Vitek-MS®), o perfil de sensibilidade aos antimicrobianos foi determinado utilizando Sistema automatizado Vitek 2®. Para triagem de carbapenemases, foi realizada nota técnica da Anvisa em enterobactérias multirresistentes.
ResultadosObservamos redução do consumo polimixina B na UTI-A de 2017 para 2019 (54,82-17,11, sem significância estatística (NS)) e na UTI-B (64,82-17,11, p < 0,00001). Principais bactérias isoladas nas UTI-A e B em CVIG foram K. pneumoniae (84,7 e 90,1%) e A. baumannii (12,1 e 6,4%). A pressão de colonização por K. pneumoniae na UTI-A no período de 2017 a 2019 foi de 1,5; 0,47; 0,33 (NS) e na UTI-B 1,71-0,68-0,25 (p = 0,6); A. baumannii apresentou as seguintes taxas na UTI-A 0,18; 0,12; 0,03 (p = 0,06) e na UTI-B 1,71; 0,68; 0,25 (p < 0,00001). O consumo de polimixina na UTI-A foi de 54,8; 30,63; 38,27 (p = 0,06) e na UTI-B 64,8; 21,74; 12,8 (p < 0,00001). Consumo de amicacina na UTI-A foi de 34,5; 35,0; 33,1 (p = 0,06) e na UTI-B de 28,1; 39,9, 33,1 (p < 0,00001). Mortalidade avaliada no período na UTI-A foi de 27,3; 30,1; 30,4 (NS) e na UTI-B foi de 26,2; 23,5; 20,2 (p = 0,002).
ConclusãoObervamos maior adesão ao protocolo de uso de aminoglicosídeos na UTI-B com redução na prevalência de colonoização por A. baumannii resistente aos carbapenêmicos. As medidas implementadas não foram acompanhadas pelo aumento de mortalidade.