12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A Hepatite C é causada pelo Vírus da Hepatite C (HCV) e tem magnitude global. Com tropismo para o fígado, o HCV é transmitido sobretudo via parenteral, pela exposição percutânea a objetos contaminados, como seringas, agulhas e lâminas. Essa doença é a principal causa dos transplantes hepáticos no mundo. Além disso, é comum que ela se torne crônica em 60 a 90% dos infectados. Apesar de sua gravidade, os casos agudos e crônicos em geral ou não possuem sintomas ou são inespecíficos, como anorexia e fadiga. Normalmente são realizados testes para marcadores sorológicos de replicação viral para detecção. Por ter alta capacidade mutagênica, ainda não foi desenvolvido vacina anti‐HCV, por isso a terapia está relacionada à prevenção para população e à aplicação de antivirais para infectados.
Objetivo: Análise clínica e epidemiológica da hepatite C no período de 2015 a 2018 na região Norte.
Metodologia: Foi realizado um estudo retrospectivo e descritivo, do perfil da hepatite C no período de 2015 a 2018 a partir de dados retirados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
Resultados: Na região Norte, de 2015 a 2018, foram notificados 4.803 casos de Hepatite C, mesmo número de casos notificados utilizando‐se um dos marcadores: anti‐HCV ou HCV‐RNA reagente. Já os que possuíam ambos os marcadores, pacientes crônicos, a quantidade foi de 1.342 casos. A taxa de incidência de casos/100 mil habitantes em cada ano foi de 8,7; 6,0; 6,6 e 5,7; respectivamente. O sexo masculino apresentou 2.703 casos; o feminino, 2.095. Sobre os estados da região Norte, Acre apresentou 539 casos; Amapá, 140; Amazonas, 1230; Pará, 1179; Rondônia, 1259; Roraima, 269; e Tocantins, 187. Ao comparar o Norte com o Sudeste, este notificou 58.680 casos no mesmo período, com taxa de incidência média de 16,95 casos/100 mil habitantes nos quatro anos, enquanto no Norte foi de 6,75 casos/100 mil habitantes.
Discussão/Conclusão: A análise da Hepatite C de 2015 a 2018 revela que a região Norte apresenta índice de incidência médio 2.5 vezes menor que a região Sudeste. Isso pode ser justificado por uma subnotificação ou menor taxa de casos. Ademais, 2015 foi o ano com maiores índices de contágio da doença, podendo indicar descuido populacional em relação à transmissão, como o compartilhamento de seringas/agulhas de tatuagem, acupuntura, alicates e até mesmo inalação de drogas com canudos contaminados. Já em 2018, obteve‐se os menores índices, indicando um decréscimo do número de casos.