XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoAvaliar a incidência da COVID-19 e a prevalência de sintomas de COVID Longa em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) foi nossa proposta para em primeiro lugar quantificar o impacto e, em segundo demonstrar a relevância potencial da Atenção Primária na condução clínica a longo prazo dessa condição que de acordo com a Literatura mostra-se significativa. As equipes de Atenção Básica e o Núcleo de Apoio à Saúde da Família podem auxiliar os pacientes que apresentem perda de funcionalidade por meio de intervenções integradas em um Plano Terapêutico Singular para um cuidado longitudinal e abrangente aos pacientes.
MétodosEstudo transversal de prevalência, aplicando aos pacientes em seguimento na UBS com referência de infecção prévia pelo SARS-CoV-2 o questionário Post Covid-19 Functional Status. Os dados coletados foram analisados para gerar uma perspectiva epidemiológica e de gravidade dos casos.
ResultadosEntre 5000 pacientes cadastrados identificamos 100 com antecedente de infecção única ou múltipla pelo SARS-CoV-2 (incidência de 2%), diagnosticados pelo teste de antígeno por fluxo lateral positivo na unidade. Destes, 22 dispuseram-se a responder o questionário. A idade média foi de 43 (21-65 anos, mediana 38,6 anos) anos, 68% eram do gênero feminino e o tempo médio de persistência dos sintomas após a COVID foi superior a seis meses para 91% dos pacientes. Dispneia foi o sintoma mais comum referido por 59% dos pacientes, seguido tosse, cefaleia e insônia em 36% deles e 20% dos pacientes com prejuízo de evocação de memória de curto prazo. Por fim, 13% desenvolveram alguma forma de disautonomia, como hipertonia esfincteriana e sialorreia.
ConclusãoPercebe-se claramente o impacto da COVID-19 na população identificada. Trata-se de faixa economicamente ativa e para a qual além do sofrimento físico temos a potencial queda de produtividade. Os sintomas respiratórios dispneia e tosse foram os mais reportados, porém, o acometimento neurológico autonômico e cognitivo foi evidente. Observe-se que se atentos e organizados para a identificação sistemática dos sintomas de COVID Longa as equipes da Atenção Básica podem exercer um papel essencial na redução dos impactos clínicos e econômicos da COVID Longa, ressaltando que os mesmos apresentaram uma persistência notável de mais de seis meses para 91% dos pacientes.