A administração de vacinas contra o SARS-CoV-2 (severe acute respiratory syndrome coronavírus 2) se mostrou como uma das principais ações no combate e prevenção da COVID-19 (Coronavirus Disease 2019). A presença de anticorpos, assim como a sua quantidade e funcionalidade, tem grande influência no controle da infecção viral no hospedeiro, podendo diminuir o curso e sintomatologia da doença. A caracterização da resposta humoral à vacinação em populações de pacientes com cardiopatias ainda é pouco conhecida. Desta forma, este trabalho tem como objetivo avaliar a duração da resposta de anticorpos anti-proteína S (spike) após a vacinação contra SARS-CoV-2 em pacientes ambulatoriais com fibrilação atrial anticoagulados.
MétodosForam coletadas amostras consecutivas de plasma, de fevereiro a agosto de 2021, com 14 dias ou mais após a segunda dose vacinal, de pacientes sem diagnóstico prévio de COVID-19. Os níveis de anticorpos contra a porção RBD (Receptor Binding Domain) da proteína S foram detectados e quantificados utilizando o kit ACCESS SARS-CoV-2 IgG (1st IS) (Beckman Coulter, EUA).
ResultadosForam analisadas 155 amostras de 53 pacientes, com idade média de 73,6 ± 6,6 anos, com proporção de sexo semelhante. Os pacientes foram imunizados com as vacinas CoronaVac (75,47%) e ChAdOx1 (24,53%), onde 73,58% apresentou resposta anticórpica após 14 dias de vacinação (28/40 e 11/13, respectivamente), com uma mediana de 98,59 UI/ml (30,82-833,7 UI/ml), sendo o cutoff do teste ≥ 30 UI/ml. Após três meses da segunda dose, foi possível observar que entre os pacientes reativos, 13 tiveram sorologia negativa após 94 ± 22 dias, tendo majoritariamente tomado CoronaVac (12/13), e houve uma perda média de 35% dos níveis de anticorpos quando comparados à primeira quantificação, dentre os que permaneceram reagentes após 87 ± 21 dias.
ConclusãoFoi observado inicialmente uma alta resposta à vacinação. Entretanto, não foi possível detectar anticorpos em um terço dos pacientes após 3 meses. Ademais, houve queda na quantidade de anticorpos entre os que permaneceram com níveis detectáveis. Contudo, apenas a ausência da detecção de anticorpos não é suficiente para determinar se um indivíduo esteja vulnerável, sendo necessário estudos que avaliem cortes da fração de anticorpos necessária para que não haja infecção ou agravamento da doença.