XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA identificação precisa e ágil das variantes circulantes do SARS-CoV-2 é fundamental para uma vigilância epidemiológica eficaz e para direcionar medidas de contenção da disseminação do vírus. Embora o Sequenciamento de Genoma Total (Whole Genome Sequencing - WGS) seja considerado o padrão ouro para a identificação de variantes, apresenta alto custo, tempo de entrega dos resultados prolongado e necessidade de equipe especializada. Por outro lado, técnicas baseadas na amplificação de ácidos nucleicos, como a transcrição reversa seguida de reação de polimerase em cadeia (RT-qPCR), têm a capacidade de identificar variantes por meio de mutações específicas de maneira mais rápida e econômica.
ObjetivoAvaliar a concordância entre um kit comercial de genotipagem por RT-qPCR e o WGS na identificação de variantes do SARS-CoV-2.
MétodosForam selecionadas 349 amostras positivas para SARS-CoV-2 de laboratórios públicos e privados da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde do estado do RS, coletadas nas semanas epidemiológicas 13 a 27 de 2022. Essas amostras foram submetidas a RT-qPCR utilizando o kit 4Plex para a detecção de variantes de preocupação desenvolvido pelo Biomanguinhos. Além disso, as amostras foram sequenciadas nas plataformas MinION MK1C ou Illumina iSeq100. As sequências consenso foram geradas utilizando os protocolos de bioinformática ARTIC nCoV-2019 (MinION) ou Dragen COVID (Illumina). Os clados e linhagens foram atribuídos utilizando as ferramentas Nextclade e Pangolin, respectivamente.
ResultadosNo sequenciamento, 316 amostras foram classificadas como Ômicron, sendo a maioria pertencente à subvariante BA.2 (238 amostras). 33 amostras foram identificadas como variantes recombinantes, sendo a maioria da subvariante XAG (31 amostras). Na genotipagem por RT-qPCR, todas as variantes Ômicron foram identificadas corretamente, no entanto, não foi possível a identificação das variantes recombinantes. O Kappa de Cohen indicou 90,54% de concordância da RT-qPCR com o WGS. No entanto, não foi possível diferenciar as subvariantes utilizando a RT-qPCR.
ConclusãoO RT-qPCR é uma metodologia rápida e econômica. No entanto, possui baixo poder discriminatório, sendo incapaz de identificar subvariantes e variantes recombinantes. Portanto, é necessário realizar o sequenciamento para obter essas informações. Assim, o RT-qPCR pode ser utilizado como uma metodologia complementar ao WGS para um rastreamento abrangente e mais rápido das variantes em circulação.