A hanseníase é uma doença infecciosa, neurológica primária, causada pelo agente Mycobacterium leprae e de amplo espectro de manifestações clínicas. Quando não diagnosticada e tratada precocemente pode causar neuropatias periféricas, acarretar incapacidade física e deformidades. O Brasil aparece em segundo lugar como o mais endêmico, além disso, ainda vivemos uma endemia oculta.
ObjetivoAvaliar o perfil epidemiológico da Hanseníase em município do estado de São Paulo, nos anos de 2016 à 2020, por meio de prontuários disponíveis no Centro de Atendimento às Doenças Infecciosas e Parasitárias (CADIP).
MétodosRealizado estudo descritivo retrospectivo com levantamento de dados registrados em 232 prontuários dos pacientes notificados nos anos de 2016 à 2020.
ResultadosOs dados coletados foram referentes a: número absoluto de casos por ano e sua distribuição por gênero, idade e classificação das formas clínicas. Observa-se que durante o período estudado houve um aumento gradativo do número de casos no município, especialmente em 2019, decorrente de treinamento realizado em 2017 e 2018 das equipes de Estratégia Saúde da Família e através de otimização da busca ativa dos contatos. Porém em 2020 esses números despencaram. Em reação à idade, observamos prevalência nos grupos de 16-39 e 40-59 anos, que possivelmente são pessoas ativas economicamente, o que gera maior transmissibilidade. No grupo de 60 anos ou mais há aumento de casos novos, porém há diminuição da transmissão. Já no grupo de menores de 15 anos há transmissão ativa, que prova ter uma prevalência oculta, supondo haver adultos sem diagnóstico e/ou tratamento. No quesito gênero, observa-se prevalência no sexo feminino, provavelmente devido a questões socioculturais. Em relação as formas clínicas, a maioria dos diagnósticos foram da forma dimorfa, resultado semelhante ao encontrado no Brasil.
ConclusãoPerante o estudo exposto, concluímos que a avaliação do perfil epidemiológico da Hanseníase no município mostrou claramente o crescimento do número de casos diagnosticados após o treinamento entre os anos de 2018 e 2019, afirmando que o controle efetivo da hanseníase pode ser alcançado mediante estratégias de ação que não se limitem só à detecção de casos novos, mas que também visem um componente médico assistencial mais sólido, políticas com maior visibilidade e peso aos aspectos humanos e sociais, relacionados à redução de estigmas e promoção da inclusão dessas pessoas.