IV Congresso Goiano de Infectologia
More infoDurante a pandemia de Covid-19, foi relatado um aumento significativo nas taxas de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS), com maior importância nas infecções da corrente sanguínea (ICS) e pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV). A resistência antimicrobiana aumentou também após pandemia, de forma acentuada especialmente em ambiente de terapia intensiva.
ObjetivoComparar as taxas de IRAS globais e por local e taxas de utilização de dispositivos entre os períodos pré e pós-pandêmicos em um hospital terciário no Centro-Oeste do Brasil.
MetodologiaEstudo transversal.
ResultadosEm 2019, o hospital tinha duas unidades de terapia intensiva (UTI), uma clínica (1) e uma cirúrgica (2). A unidade clínica (1) tinha um número menor de IRAS, um tempo de permanência maior e uma taxa mais alta de uso de dispositivo respiratório. A partir de março de 2020, a Unidade 2 passou a ser dedicada a pacientes com suspeita ou confirmação de infecção por SARS-CoV-2. De 2019 a 2021, houve um aumento significativo no número de pacientes/dia (4.750 × 15.795), no total de IRAS (43 × 159), na taxa de IRAS por saída (4,6 × 8,4) e na taxa de infecção da corrente sanguínea associada à cateter vascular (ICS) por 1000 cateteres/dia (1,28 × 7,0). Comparando a UTI não-Covid com a UTI Covid, houve uma taxa significativamente maior de IRAS global (4,5 × 10,1) e por pacientes em risco (4,0 × 7,0), taxas mais altas de ICS (2,8 × 7,8) e internações mais longas (7,6 × 10,1), p < 0,05. A taxa de ICS teve um aumento acentuado nos dois primeiros anos da pandemia, com maior prevalência de Staphylococcus coagulase-negativo, S. aureus, Klebsiella spp e Candida spp. A prevalência de amostras positivas para germes multidroga resistentes (MDR) em UTI era de 33,7% em 2019 e aumentou 16,3% em 2021 (40,3%). Os principais microrganismos MDR foram Pseudomonas e Acinetobacter resistentes a carbapenêmicos, Klebsiella produtora de carbapenemase e S. aureus resistente à meticilina.
ConclusõesEste estudo confirma que, no Centro-Oeste do Brasil, a pandemia de Covid-19 também impactou a prevalência de IRAS em UTIs dedicadas à COVID, com um risco especial de ICS e maior multirresistência. As IRAS e a multirresistência são problemas relevantes a serem enfrentados em todo o mundo nos próximos anos, e a prevenção e o controle de infecções, a otimização dos processos de linha de cuidados e a administração racional de antimicrobianos devem ser reforçados, especialmente em ambiente de UTI.