XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA Raiva é transmitida ao ser humano através do contato com o vírus presente na saliva do animal infectado. Caracteriza-se como encefalite progressiva e aguda, com letalidade de aproximadamente 100%. A profilaxia com imunobiológicos deve ser iniciada o mais precocemente. Para indicação do uso do soro antirrábico (SAR) deve ser considerado o tipo de exposição e animal agressor. Nos casos de agressões por morcegos e outros mamíferos silvestres o acidente é sempre considerado grave. Em agressões por cães e gatos ou acidentes por animais de produção deve-se avaliar a real necessidade do esquema profilático. Como a procura pela profilaxia da raiva humana é uma demanda significativa na emergência do hospital de referência, foi considerada a importância do trabalho, que objetiva avaliar o atendimento antirrábico humano realizado em um hospital referência em doenças infecciosas.
MetodologiaPesquisa avaliativa com dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) de um hospital de doenças infecciosas no período de janeiro a dezembro de 2022 Resultados Foram registrados 2672 atendimentos antirrábico humano. Desses, 2191 (82%) eram residentes do município de Fortaleza. A faixa etária prevalente foi a maior que 30 anos com 1501 casos (56,2%), e segundo o sexo foram notificados 1402 casos em homens (52,5%) e 1270 casos em mulheres (47,5). Quanto a espécie de animal agressor, 2530 (94,7%) dos agressores foram cães e gatos, 71 (2,7%) morcegos, 31 (1,4%) silvestres e 33 (1,2%) outras espécies. Houve indicação de SAR em 97,9% dos casos com animais que não eram passiveis de observação e em 30,8% dentre os casos passiveis de observação. Foi verificada incompletude das fichas de investigação, o que compromete a análise de dados referente à condição do animal para fins de conduta.
ConclusãoConclui-se a necessidade da valorização de informações que são essenciais para indicar o tratamento, e que houve indicação de SAR para casos de animais passiveis de observação, embora o protocolo do Ministério da Saúde (MS) não mostre essa indicação para casos de agressores observáveis, salvo por mudança na condição do animal nos dez dias seguintes à agressão. Cabe uma avaliação mais criteriosa sobre a indicação de tratamento e sobre registro de informações no SINAN a fim de verificar se as condutas estão de acordo com o protocolo do MS ou se a qualidade do preenchimento das fichas de investigação compromete a consistência da informação.