O objetivo deste estudo é descrever um caso de paciente jovem, internado com COVID-19 grave, apresentando febre de origem indeterminada. Diagnosticado com Leishmaniose Visceral através de reação em cadeia de polimerase (PCR) positivo para Leishmania em aspirado de medula óssea. As Leishmanioses constituem um grupo de doenças que refletem um problema de saúde pública no Brasil. Atualmente se encontram entre as seis endemias consideradas prioritárias. Em todas as principais áreas endêmicas, as infecções assintomáticas superam a doença clinicamente manifesta. A soroconversão reflete a infecção adquirida recentemente, mas pode preceder o início da Leishmaniose visceral clínica em meses. A pandemia do novo coronavírus expôs muitas fragilidades do sistema de saúde, principalmente das doenças ditas negligenciadas. Sabe-se que a fisiopatologia dessas doenças são distintas. Porém, Leishmania invade e se replica nos macrófagos do hospedeiro, evitando as respostas imunes inatas e mediadas por células. Questiona-se a possibilidade de infecção grave por coronavírus secundária a desregulação do sistema imunológico. Trata-se de paciente, 24 anos, diagnosticado com COVID 19 através de teste rápido de antígeno de swab da nasofaringe e internado em unidade de terapia intensiva devido a dessaturação. Necessitou de intubação orotraqueal, protocolo de prona, sepse e uso de antibioticoterapia de amplo espectro. Recebeu alta da unidade de terapia intensiva já em uso de cateter nasal, tolerou bem desmame de O2. Porém, no 5° dia de enfermaria iniciou quadro febril, sem foco identificado a despeito de propedêutica extensa e com hemoculturas negativas. Evoluiu com hipotensão e choque, precisando de drogas vasoativas, nova intubação, além de injúria renal aguda com necessidade de terapia de substituição renal. Exames complementares evidenciaram pancitopenia nova, não presente em exames prévios. Em propedêutica complementar apresentou esplenomegalia leve, visualizada em tomografia computadorizada de abdome. Sem demais alterações. Provas inflamatórias elevadas assim como desidrogenase láctica e hiperferritinemia importante (>400000) com provas de hemólise negativas. Realizado mielograma no décimo quinto dia de febre mantida e pancitopenia em piora. Resultado de PCR para Leishmania positivo em aspirado de medula óssea. Iniciado tratamento com Anfotericina B lipossomal, 20 mg/kg, durante 7 dias, com boa resposta. Dessa forma, o paciente recebeu alta com exames melhorados, assintomático.
Journal Information
Vol. 26. Issue S1.
(January 2022)
Vol. 26. Issue S1.
(January 2022)
ÁREA: SAÚDE GLOBAL (MEDICINA DE VIAGEM, MEDICINA TROPICAL)EP 230
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APRESENTAÇÃO DE LEISHMANIOSE VISCERAL EM PACIENTE PÓS-COVID GRAVE: UM RELATO DE CASO
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