XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA tuberculose é uma doença altamente transmissível, que se difunde facilmente em ambientes confinados e com ventilação inadequada, como é comum nos presídios. A análise temporal é fundamental para compreender as tendências e padrões das doenças ao longo do tempo e identificar fatores de risco que possam subsidiar intervenções no sistema prisional do estado do Rio de Janeiro. Nesse sentido, o trabalho teve como objetivo analisar o comportamento temporal da tuberculose no sistema prisional do estado do Rio de Janeiro entre 2017 a 2022.
MétodosEstudo ecológico de série temporal dos casos de tuberculose ocorridos no sistema prisional do estado Rio de Janeiro e notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Estado do Rio de Janeiro (SINAN-RJ) entre 2017 a 2022. Utilizou-se o modelo de regressão linear generalizada de Prais-Winsten para estudo de tendência e o algoritmo Error, Trend, Seasonal (ETS), ou modelo de suavização exponencial, para estudo da projeção dos casos para os próximos anos com intervalo de confiança de 95%. Foram utilizados os softwares Excel®2019 e Stata 16 para organização, cálculos e análise estatística.
ResultadosEntre 2017 e 2022 foram diagnosticados 10.788 casos de tuberculose nas unidades prisionais do Rio de Janeiro, destes, 8.563 eram casos novos e 1.858 casos de retratamento. Ao realizar a distribuição temporal se observou um comportamento contínuo da curva entre 2017 (1.466) e 2018 (1.483), seguido por um aumento em 2019 (2.232 casos diagnosticados); nos anos de 2020 (1.785), 2021 (1.971) e 2022 (1.851) houve uma redução no número de diagnóstico em comparação com 2019. Quanto a tendência, observou-se estacionariedade no decorrer da série histórica (p-valor = 0,132). Ao avaliar a projeção dos casos foi possível calcular uma previsão de 2.296 casos em 2023, 2.001 em 2024 e 2.471 em 2025, demonstrando número de casos ainda expressivo para os próximos anos e alertando para necessidades de medidas para contenção da tuberculose nos ambientes carcerários.
ConclusãoOs dados mostram que as medidas de controle e prevenção da tuberculose não foram suficientes para modificar a curva de casos em uma série histórica. A tuberculose no sistema prisional exige estratégias direcionadas com abordagem abrangente e integrada que visem garantir o diagnóstico precoce, tratamento adequado e a interrupção da cadeia de transmissão, favorecendo o controle da doença nos ambientes carcerários e na população geral.